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Japão vai desacelerar PIB mundial em 2011, diz Cruzeiro do Sul

Porém, reconstrução do país pode significar expansão econômica a partir de 2012

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2011 às 16h01.

São Paulo – Os efeitos dos terremotos e tsunamis não ficarão restritos à economia japonesa. O ritmo de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) mundial neste ano também será prejudicado por conta dos prejuízos previstos para a terceira maior economia do planeta (atrás de Estados Unidos e China).

Na avaliação do estrategista-sênior da Cruzeiro do Sul Corretora, Jason Vieira, o curto prazo está comprometido. “O segundo trimestre no Japão já era. As indústrias vão perder muito por causa da falta de energia.”

Embora seja cedo para a revisão de dados estatísticos, analistas dizem que a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) de crescimento de 1,6% da economia japonesa neste ano pode se transformar em um número negativo. “Ainda que se observe uma recuperação a partir do terceiro trimestre, os próximos meses vão comprometer o resultado anual”, explica Vieira.

A China, que tem no Japão o seu segundo maior mercado, também vai sentir um pouco a retração doméstica japonesa e, por tabela, o PIB global. Provavelmente a projeção do FMI de alta de 4,4% para a economia mundial seja revisada para baixo. “A contribuição positiva que a recuperação dos Estados Unidos dará ao mundo neste ano será anulada pelo desempenho japonês”, diz o especialista da Cruzeiro do Sul Corretora.

O economista da Tendências Consultoria Raphael Martello lembra que, antes mesmo da tragédia, a contribuição do Japão para a economia mundial neste ano já seria pequena. “Como estamos falando da terceira maior economia do mundo, é lógico que um crescimento mais fraco do que o inicialmente previsto tem algum impacto na economia mundial, mas ainda assim a gente deve ter um ano puxado pelas economias emergentes, sem falar na boa recuperação da economia americana. Portanto, o impacto no crescimento mundial não é tão relevante, mas é lógico que a gente precisa avaliar por quanto tempo o Japão vai permanecer nessa situação.”

Quanto ao Brasil, os efeitos também serão pequenos. “O impacto fica restrito porque o Japão já não é um dos nossos maiores parceiros comerciais. No passado, eles representavam uma parcela relevante na importação de eletrônicos, mas essa pauta comercial migrou para a China. O Brasil só vai sofrer se houver impacto nos Estados Unidos ou na China, mas esse ainda não é o cenário mais provável”, diz Martello.

O estrategista-sênior da Cruzeiro do Sul Corretora, Jason Vieira, que morou durante um ano no Japão, não tem dúvidas do poder de reação da população atingida pela tragédia. “A reconstrução vai impulsionar a economia a partir de 2012. Há um espírito nacional incrível que surge nessas situações. Se for preciso, a população vai colaborar com o racionamento de energia em prol das indústrias. Por mais cruel que pareça, o terremoto vai tirar a economia japonesa do marasmo”. E conclui: “É capaz de o Japão se recuperar antes de o Brasil terminar os estádios da Copa.”

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