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Japão retoma caça comercial de baleias após mais de 30 anos

Durante os últimos anos, Japão permitia apenas o que chamava de "pesca para fins científicos"

Trabalhadores preparam o descarregamento de uma baleia Minke no porto de Kushiro, em Hokkaido, Japão, nesta segunda (Masashi Kato/Reuters)

Trabalhadores preparam o descarregamento de uma baleia Minke no porto de Kushiro, em Hokkaido, Japão, nesta segunda (Masashi Kato/Reuters)

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AFP

Publicado em 1 de julho de 2019 às 09h47.

Última atualização em 2 de julho de 2019 às 14h57.

Navios japoneses caçaram com arpão, nesta segunda-feira, duas baleias em águas japonesas, inaugurando a retomada da caça comercial desse animal, interrompida por mais de três décadas.

O retorno ao mar dos baleeiros para caçar baleias para consumo se dá após a decisão do governo de deixar a Comissão Baleeira Internacional (CBI) há seis meses.

Duas baleias Minke foram caçadas por embarcações que zarparam esta manhã do porto de Kushiro (ilha de Hokkaido), depois de uma cerimônia na qual vários políticos defenderam a legitimidade dessa tradição.

Pelo menos um dos barcos retornou à tarde ao porto e descarregou suas presas, constataram jornalistas da AFP.

"É uma pequena indústria, mas estou orgulhoso da caça às baleias. A prática existe há mais de 400 anos na minha cidade", disse à AFP Yoshifumi Kai, presidente de uma associação de baleeiros, animado em voltar ao mar.

Para Hideki Abe, é algo novo. Ele tem 23 anos e nunca participou de uma missão desse tipo.

"Eu estou um pouco nervoso, mas feliz por podermos começar. Gostaria que mais pessoas provassem carne de baleia, pelo menos uma vez", disse antes de sua partida.

O navio-fábrica Nisshin Maru, o carro-chefe da frota baleeira japonesa, e outras embarcações também deixaram o porto de Shimonoseki, no sudoeste do Japão, onde há uma enorme estátua em forma de uma baleia.

"Acreditamos que as baleias são recursos marinhos como os peixes e que podem ser usadas de acordo com critérios científicos", explicou à AFP um funcionário do Ministério da Agricultura, Silvicultura e Pesca. "Determinamos cotas para não prejudicar as espécies", disse.

O Japão iniciou suas "missões de pesquisa" na Antártida e no nordeste do Pacífico há 32 e 25 anos respectivamente, renunciando à pesca puramente comercial, mas servindo-se de uma "exceção científica", tolerada pela CBI.

Durante essas três décadas, o arquipélago foi fortemente criticado por ambientalistas por suas maneiras de proceder, julgadas cruéis, enquanto existem métodos não letais para realizar experimentos científicos, segundo seus críticos.

Além disso, embora as baleias tenham sido usadas para fins científicos, parte de sua carne acabou em peixarias, embora esse tipo de carne não seja muito popular.

No entanto, algumas pessoas querem preservar uma tradição ainda ancorada em parte da população, especialmente entre os idosos, que lembram que a baleia era sua única fonte importante de proteína no período pós-guerra.

Para algumas cidades, a caça à baleia representa uma razão de ser, se não econômica, pelo menos cultural e moral.

"O Japão está abandonando a caça às baleias em alto mar. Não é uma interrupção completa, mas é um grande passo para o fim", considerou Patrick Ramage, diretor do programa de conservação marinha do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal (Ifaw).

Ele vê na retomada da caça comercial e na interrupção da pesca científica na Antártida uma espécie de última batalha para o Japão. A indústria baleeira, que conta com de 250 pescadores, "afundará rapidamente", prevê.

"Recebíamos [carne de baleia] na cantina quando eu era pequena, mas acho que não vou comê-la de novo. Acho que o Japão deveria tomar suas decisões levando em conta o resto do mundo, que diz que isso não está certo", declarou em Tóquio uma japonesa de 30 anos que pediu anonimato.

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