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Japão lembra vítimas em primeiro aniversário do terremoto

Portos, templos e auditórios receberam homenagens e se uniram em prece silenciosa na hora em que, há um ano, o terremoto aconteceu

Um ano depois, japoneses fazem suas homenagens às vítimas do terremoto que provocou um tsunami (Getty Images)

Um ano depois, japoneses fazem suas homenagens às vítimas do terremoto que provocou um tsunami (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 12 de março de 2012 às 13h36.

Ishinomaki - Milhões de pessoas lembraram neste domingo no nordeste do Japão as vítimas do tsunami que, há um ano, tirou a vida de mais de 19 mil pessoas nessa região, deixando-a diante do desafio de uma grandiosa reconstrução.

Portos, templos e auditórios receberam neste domingo inúmeras homenagens e se uniram em uma prece silenciosa às 14h46 local (2h46 do horário de Brasília), a mesma hora em que a área foi sacudida no ano passado pelo terremoto e o posterior tsunami que arrasou a costa das províncias de Iwate, Miyagi e Fukushima.

Ishinomaki, a cidade com mais mortos e desaparecidos por conta do tsunami (3.735), foi sede do maior de todos os atos de Miyagi no auditório Big Bang, onde cerca de 2,5 mil pessoas se reuniram para prestar homenagem às vítimas.

O ato começou com a apresentação de um coral da cidade em frente ao palco principal, decorado com 9 mil cravos, diante do olhar de muitas famílias que perderam algum de seus membros em 11 de março.

O prefeito da cidade, Hiroshi Kameyama, pronunciou um discurso no qual expressou sua tristeza pelos mortos, agradeceu o apoio recebido de diferentes partes do Japão e do mundo e fez um apelo para que a luta para reconstruir a localidade prossiga.


'A partir de agora, com sonhos e esperança, construiremos uma nova Ishinomaki, a devolveremos à vida e faremos com que cresça, mas para isso precisamos do esforço de todos', disse Kameyama ao falar de uma cidade na qual, apesar de tudo, 'nunca poderá se esquecer desta profunda dor'.

Por sua vez, o governador de Miyagi, Yoshihiro Murai, agradeceu o trabalho realizado por voluntários e corpos de segurança na província, a mais afetada com 9.544 mortos e 1.688 desaparecidos.

'No ano que passou o panorama da cidade mudou para melhor, mas ainda restam muitas lembranças dolorosas', indicou Harumasa Tanokura, porta-voz das famílias que perderam algum membro quando o desastre tomou conta de Ishinomaki.

Um desfile de familiares das vítimas para realizar oferendas de flores encerrou o grande ato, entre inúmeras mostras de emoção contida.

A alguns quilômetros dali, no edifício da escola elementar de Okawa, antigos alunos e familiares se reuniram para rezar pelos 84 estudantes e professores que foram arrastados pelas águas do tsunami há um ano.


Em toda a faixa nordeste se sucederam neste domingo as homenagens pelo aniversário do desastre, embora Ishinomaki tenha sido um dos pontos mais movimentados com uma afluência de visitantes que serviu para elevar os ânimos do município, onde ainda é preciso retirar muitos escombros dos mais de 22,4 mil edifícios que a água destruiu.

'Foi tão difícil conceber o episódio que até há pouco tempo eu não era capaz de chorar', contou à Agência Efe Sachiko Tachibana, comerciante de 67 anos da cidade que, com a ajuda de seu filho, foi uma das primeiras a reabrir seu negócio após a catástrofe.

Sachiko também confessou estar um pouco mais contente agora, após um ano no qual voltou a encontrar tempo para tecer os cachecóis que vende em sua loja com os estoques de lã salvos antes que o tsunami inundasse o estabelecimento.

Mais ao norte, na província de Iwate, centenas de pessoas visitaram o município litorâneo de Rikuzentakata, também assolado pela água e onde o único dos 70 mil pinheiros que conseguiu ficar de pé se transformou em símbolo de resistência e reconstrução do nordeste do país.

Em torno da árvore e sob uma ligeira neve foram depositadas neste domingo inúmeras oferendas em cerimônias que também se repetiram em frente a um mar calmo, muito diferente do que engoliu centenas de quilômetros de costa há um ano.

Doze meses depois da tragédia, a polícia e a Guarda Litorânea ainda realizam de forma periódica operações para buscar os corpos das 3.167 pessoas que desapareceram nas águas do tsunami.

O desastre destruiu ou danificou seriamente mais de 383 mil casas e edifícios, a grande maioria nas três províncias do nordeste, mas a reconstrução é feita de maneira muito devagar e ainda há cerca de 345 mil deslocados vivendo em imóveis temporários.

A região, além disso, sofre ainda frequentes réplicas do grande terremoto de 11 de março. Desde o ano passado foram sentidos mais de 7,2 mil tremores, dos quais 500 superaram os 5 graus na escala Richter. EFE

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