Três semanas após flexibilizar algumas restrições, o Japão decidiu implantar controles rígidos de fronteira (Tomohiro Ohsumi/Getty Images)
AFP
Publicado em 29 de novembro de 2021 às 07h50.
Última atualização em 29 de novembro de 2021 às 17h02.
O Japão anunciou nesta segunda-feira (29) o fechamento de suas fronteiras a todos os visitantes estrangeiros para frear a variante ômicron da covid-19 e, durante o dia, os ministros da Saúdo do G7 se reunirão em caráter de urgência para tentar estabelecer uma estratégia comum diante do avanço da pandemia.
Três semanas após flexibilizar algumas restrições, o Japão decidiu implantar controles rígidos de fronteira, algo que muitos consideram coisa do passado.
"Vamos proibir a entrada de estrangeiros de todo o mundo partir de 30 de novembro", afirmou o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida.
A variante ômicron, detectada inicialmente no sul da África, já está presente em vários países.
Nesta segunda-feira, os ministros da Saúde do G7 (França, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido) se reunirão "para discutir a evolução da situação sobre a ômicron", em um encontro organizado em caráter de urgência em Londres, que tem a presidência temporária do G7.
Com mais de cinco milhões de mortes em todo o mundo desde que a pandemia foi declarada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou a ômicron como uma variante de "preocupação".
"Sabemos que estamos em uma corrida contra o tempo", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, antes de destacar que os fabricantes de vacinas precisam de "duas a três semanas" para avaliar se as vacinas existentes continuam sendo eficazes contra a nova variante.
Vários países adotaram restrições para viajantes procedentes do sul da África, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Indonésia, Arábia Saudita, Kuwait e Holanda.
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, pediu no domingo aos países que suspendam as restrições "antes que provoquem mais danos a nossas economias".
Na mesma linha, o diretor da OMS para a África fez um apelo para que os países priorizem a ciência, em vez de impor restrições de voo para conter a nova variante.
"Com a variante ômicron detectada em várias regiões do mundo, a aplicação de restrições de viagens para a África é um ataque à solidariedade global", declarou diretor regional da OMS, Matshidiso Moeti.
Poucos dias depois do anúncio por cientistas da África do Sul sobre a descoberta da nova variante, que tem mais mutações que as anteriores detectadas do coronavírus, o hospital Bambino Gesu de Roma conseguiu a primeira "imagem" da ômicron e confirmou que efetivamente tem mas mutações que a delta, mas isto não significa que é mais perigosa, de acordo com os pesquisadores.
As autoridades holandesas afirmaram que identificaram ao menos 13 casos de ômicron entre 61 passageiros que testaram positivo para covid-19 depois que desembarcaram da África do Sul no sábado.
A polícia de fronteira da Holanda anunciou a detenção de um casal em um avião com destino a Espanha, depois que os dois fugiram de um hotel em que estavam em quarentena.
O casal, um espanhol de 30 anos e uma portuguesa de 28, retornou à quarentena e pode ser acusado de "ataque à segurança pública".
Apesar da nova ameaça, dezenas de milhares de pessoas protestaram na Áustria contra a vacinação obrigatória no país, o primeiro da UE a aplicar a medida.
O chanceler Alexander Schallenberg considerou o protesto uma "interferência menor" para o país com uma das menores taxas de vacinação na Europa ocidental.
No Reino Unido, o ministro da Saúde, Sajid Javid, anunciou que na terça-feira entrarão em vigor novas regras sanitárias, incluindo o uso de máscaras em estabelecimentos comerciais e nos transportes públicos, assim como restrições para os passageiros procedentes do exterior.
E enquanto os cientistas tentam determinar o nível de ameaça da nova variante, uma médica sul-africana destacou que dezenas de pacientes suspeitos de portar a variante ômicron mostraram sintomas leves, como fadiga.
Angelique Coetzee, presidente da Associação Médica Sul-Africana declarou à AFP que observou 30 pacientes nos últimos 10 dias que testaram positivo para covid-19 e se recuperaram sem a necessidade de hospitalização.
O conselheiro do governo dos Estados Unidos para a pandemia, Anthony Fauci, afirmou que continua "acreditando que as vacinas existentes devem fornecer um grau de proteção contra casos severos de covid".
Diante do que considera um risco crescente, Israel anunciou algumas restrições mais severas, incluindo o fechamento das fronteiras a todos os estrangeiros, quatro semanas depois da reabertura para os turistas.
"Estamos levantando a bandeira vermelha", disse o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett.