Segundo o governo, os vestígios de plutônio 238, 239 e 240 não são perigosos (Christian Aslund/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2011 às 17h49.
Tóquio - A identificação de plutônio no solo do complexo nuclear de Fukushima, danificada pelo terremoto e tsunami de 11 de março, provocou forte alarme na terça-feira (horário local) sobre a demorada batalha do Japão para conter a pior crise atômica mundial nos últimos 25 anos.</p>
A empresa que opera o local, a Tokyo Electric Power Co (Tepco), informou que o material radioativo, o mesmo que é usado em bombas atômicas, foi encontrado em cinco lugares no solo do complexo.
O drama nas instalações de Fukushima, que abrange seis reatores, ampliou a agonia do país depois do desastre natural que matou pelo menos 11 mil pessoas e deixou mais de 17 mil desaparecidos e cerca de 250 mil desabrigados no norte, a região devastada.
Em um comunicado divulgado por volta de meia-noite local em Tóquio, o vice-presidente da Tepco, que está sob pressão, pediu desculpas pelo anúncio, por ter de deixar as pessoas ainda mais preocupadas, mas enfatizou que os vestígios de plutônio 238, 239 e 240 não são perigosos.
"O plutônio encontrado desta vez está num nível semelhante ao visto no solo em um meio normal e não está no nível prejudicial à saúde humana", disse o vice-presidente Sakae Muto a jornalistas.
Muto afirmou que o material era similar ao achado no passado em outras partes do Japão pelo fato de partículas terem, então, sido levadas pela atmosfera, depois de testes nucleares no exterior.
A Tepco informou não estar clara a origem do plutônio, embora parece que dois dos achados estejam relacionados aos danos na usina e não à atmosfera.
Especialistas acreditam que além de vir da atmosfera, o plutônio pode ter origem das áreas de Fukushima onde é feita a deposição de combustível nuclear usado ou dos danos ao reator no. 3, o único que utiliza combustível de plutônio.
A agência nuclear da ONU, a AIEA, disse que já se previa a localização de plutônio no solo. "Isso significa que há degradação do combustível, o que não é novidade", afirmou o alto funcionário da AIEA Denis Flory.
A agência nuclear do Japão demonstrou preocupação. "Embora não seja de um nível prejudicial aos seres humanos, não estou otimista. Isto significa que o mecanismo de contenção está sendo vazado, por isso acho que a situação é preocupante", disse Hidehiko Nishiyama, funcionário do órgão japonês de supervisão nuclear, segundo a agência de notícias Jiji.