Funcionários da TEPCO retiram combustível nuclear de reator da usina nuclear de Fukushima: país vai desativar as usinas até 2030 (HO/AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2012 às 19h28.
Londres - Dois países que já estiveram entre os maiores defensores da energia nuclear impuseram na sexta-feira duros golpes a esse setor: o Japão decidiu que irá eliminar gradualmente suas usinas atômicas, e a França confirmou os planos de reduzir drasticamente seu uso.
O Japão produzia mais de 10 por cento da energia nuclear global, mas desativou temporariamente suas usinas depois do acidente de Fukushima, em março de 2011. O país se junta agora a Alemanha, Suíça e Bélgica como nações que decidiram eliminar suas usinas atômicas e investir mais em energias renováveis.
O primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, disse que seu país vai desativar as usinas até 2030, e que os recursos renováveis devem passar de cerca de 10 para 30 por cento da matriz energética japonesa.
Em Paris, o presidente da França, François Hollande, confirmou sua promessa de campanha de reduzir a energia nuclear de 75 para 50 por cento da matriz energética até 2025. Ao mesmo tempo, ele defendeu que a União Europeia imponha metas rigorosas de redução de emissões de gases do efeito estufa para 2030 e 2040.
"Temos uma estratégia ambiciosa", disse Hollande numa conferência ambiental, propondo uma redução de 40 por cento nas emissões europeias de dióxido de carbono até 2030, e de 60 por cento até 2040. Isso está bem acima da atual meta, de reduzir as emissões em 20 por cento até 2020.
Os gases do efeito estufa são emitidos principalmente pela queima dos combustíveis fósseis -as usinas nucleares não são uma fonte importante.
A Agência Internacional de Energia (AIE), que representa os interesses energéticos de países industrializados, disse compreender as motivações da França e do Japão, mas alertou para as consequências que isso pode acarretar para o clima e para os custos energéticos.
"Exceto pela energia nuclear e as renováveis, não temos muitas opções para produzir sem emissões. Se esses países acreditam que a diferença decorrente da redução da nuclear será 100 por cento preenchida por renováveis, eles estão errados. Haverá gás, carvão e até petróleo", disse Fatih Birol, economista-chefe da entidade, em Paris.