O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe (e), e o presidente chinês, Xi Jinping (Kim Kyung-Hoon/Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de novembro de 2014 às 09h48.
Pequim - O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe afirmou nesta terça-feira em Pequim que seu país e a China estão "irremediavelmente unidos".
Abe se reuniu na véspera com o presidente chinês Xi Jinping, pondo fim a três anos de uma perigosa escalada das tensões entre as duas maiores economias da Ásia gerada por questões históricas e uma disputa territorial.
Abe afirmou que "é lamentável que durante tanto tempo não se tenha realizado um encontro bilateral, e espera que a reunião tenha sido um passo para a melhoria das relações bilaterais".
Apesar desse encontro ter quebrado o gelo, os dois dirigentes não esconderam a frieza da relação nas ocasiões em que tiveram de apertar as mãos durante a cúpula do Apec.
A reunião entre Abe e Xi Jinping aconteceu na segunda-feira, em Pequim, à margem do Fórum de Cooperação Econômica Ásia Pacífico (APEC), retomando o diálogo bilateral de alto nível após anos de animosidade.
"Muitos países esperavam esta reunião entre Japão e China, e não apenas as nações asiáticas. Penso que demos um primeiro passo para melhorar as relações bilaterais", declarou Abe após o encontro, o primeiro desde dezembro de 2011.
O encontro aconteceu em um prédio oficial e durou quase 30 minutos.
Abe propôs a criação de um mecanismo de comunicação marítima para evitar incidentes nas ilhas em disputa entre Japão e China.
Além das disputas históricas, a nacionalização pelo Estado nipônico em 2012 de três ilhas do arquipélago Senkaku no mar da China oriental provocou o aumento da tensão. Os territórios são administrados há muito tempo pelo Japão, mas são reivindicados por Pequim com o nome de ilhas Diaoyu.
Sem esquecer as divergências territoriais, as duas maiores potências asiáticas anunciaram na sexta-feira que chegaram a um acordo para "retomar progressivamente o diálogo político, diplomático e na área da segurança".
Apesar das disputas, Abe sempre destacou a importância de manter vínculos com a potência vizinha, "para um desenvolvimento conjunto".
As relações do Japão com o países vizinhos continuam marcadas pela recordação das atrocidades atribuídas às tropas imperiais durante a ocupação parcial da China (1931-1945) e a colonização da península coreana (1910-1945).
As visitas frequentes de parlamentares e ministros japoneses ao santuário Yasukuni de Tóquio, um local de culto criticado por Pequim e Seul, que o consideram um símbolo do passado militarista nipônico, servem apenas para aumentar a tensão.