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Japão corre contra o tempo para resfriar reatores de central nuclear

Nesta quinta-feira, pela primeira vez, quatro helicópteros do Exército japonês conseguiram lançar toneladas de jatos d'água sobre os reatores mais danificados

Ação com helicóptero para resfriamento do reator de Fukushima foi mal sucedida (Reprodução/NHK)

Ação com helicóptero para resfriamento do reator de Fukushima foi mal sucedida (Reprodução/NHK)

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2011 às 23h14.

Tóquio - O Japão lutava nesta quinta-feira com todos os meios para tentar resfriar os reatores da central nuclear de Fukushima, mas o pessimismo é cada vez maior no mundo, em meio a uma fuga em massa de estrangeiros de Tóquio.

O balanço oficial do terremoto e tsunami, seis dias depois da catástrofe, chegou a 5.500. Mas apenas na cidade de Ishinomaki, o número de desaparecidos alcança 10.000 pessoas, segundo autoridades locais. As buscas prosseguiam em meio à neve e ao frio.

O número de feridos é de mais de 3000, enquanto mais de 88.000 casas e edifícios foram destruídos, total ou parcialmente.

As autoridades nipônicas também precisam enfrentar a crescente impaciência de 500.000 desabrigados, ante a escassez de água potável e alimentos, apesar da mobilização sem precedentes de 80.000 soldados, policiais e socorristas no devastado nordeste.

Nesta quinta-feira, pela primeira vez, quatro helicópteros do Exército japonês conseguiram lançar toneladas de jatos d'água sobre os reatores mais danificados, especialmente o número 3. Cinco caminhões-tanque especiais do Exército entraram em ação no final do dia.

O objetivo era fundamentalmente encher a piscina de armazenamento de combustível recicladoo que foi avariada por uma explosão e uma série de incêndios.

A empresa Tokyo Electric Power (Tepco) informou que não tinha condições de determinar a quantidade de água que entrou na piscina, já que os funcionários não conseguiam observar o local.

Especialistas estrangeiros consideram que a piscina do reator 4 está praticamente seca, o que pode provocar níveis "extremamente elevados" de radiação, segundo o presidente da Autoridade Americana de Regulamentação Nuclear (NRC), Gregory Jaczko.

A fusão do combustível pode provocar a emanação de partículas radioativas, provocando assim uma catástrofe como a de Chernobyl.

Os funcionários da Tepco, que opera a central de Fukushima, ajudados por bombeiros e policiais, pretendiam alcançar a piscina com a ajuda de um caminhão-tanque equipado com um canhão d'água. Mas, segundo a televisão pública NHK, isto não foi possível devido ao nível elevado de radiação.

A Tepco espera restabelecer nas próximas horas a corrente de energia elétrica da central nuclear de Fukushima, o que permitiria ativar as bombas para resfriar os reatores e encher as piscinas.

Os sistemas de resfriamento falharam na sexta-feira, depois do terremoto de 9 graus de magnitude, o mais forte da história do Japão, seguido por um tsunami que devastou a costa nordeste do país.

O presidente americano Barack Obama ofereceu enviar mais especialistas nucleares ao Japão, em uma conversa telefônica com o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan. A França também propôs uma cooperação.

O Instituto Francês de Radioproteção e Segurança Nuclear (IRSN) afirmou na quarta-feira que as 48 horas seguintes seriam cruciais.

Diante da ameaça de um acidente nuclear de grandes proporções, muitas embaixadas recomendaram a seus cidadãos que se afastassem da região, segguido para o sul, na área de Osaka, ou que deixem o Japão.

Grã-Bretanha, Alemanha, Suíça, Itália e Austrália também aconselharam seus cidadãos a deixar o norte e a região de Tóquio. França, Bélgica e Rússia enviaram aviões para retirar as pessoas que desejam deixar o Japão.

O governo da China pediu às autoridades nipônicas informações "pontuais e precisas" para acalmar a opinião pública preocupada com a eventual chegada ao país de emissões radioativas.

A embaixada americana estabeleceu uma zona de risco de 80 km ao redor da central nuclear.

As autoridades japonesas fixaram até o momento um perímetro de segurança de 30 km, e o governo afirmou que as radiações além da zona de exclusão de 20 km "não representam perigo imediato para a saúde".

Por precaução, 10.000 pessoas do município de Fukushima estão sendo submetidas a testes de radioatividade em 26 centros médicos.

Enquanto no exterior reina uma inquietação que se aproxima do pânico, a população nipônica, sobretudo em Tóquio, mostra-se surpreendentemente serena e disciplinada, à espera de novas instruções do governo.

Os ventos provavelmente continuarão sendo favoráveis nas próximas horas, empurrando para o Oceano Pacífico os resíduos radioativos da central nuclear.

Um frio intenso e as nevascas reduziram ainda mais as condições de vida e de trabalho para os 500.000 desabrigados do terremoto e do tsunami e dos 80.000 socorristas mobilizados no nordeste.

Para piorar a situação, um corte de energia elétrica em grande escala pode afetar a região leste do país caso o consumo não seja reduzido, advertiu o ministério da Indústria.

No campo econômico, o iene atingiu um novo recorde desde a Segunda Guerra Mundial na comparação com o dólar. Os investidores especulam sobre uma eventual repatriação em massa de fundos pelas seguradoras japonesas.

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