Mundo

Japão concentra esforços para resfriar reator 3 de Fukushima

Terremoto de 9 graus seguido por tsunami que devastou o nordeste do Japão há uma semana deixou 6.539 mortos confirmados e 10.354 desaparecidos

Funcionários rastreiam pessoas por radioatividade perto da usina de Fukushima (Ken Shimizu/AFP)

Funcionários rastreiam pessoas por radioatividade perto da usina de Fukushima (Ken Shimizu/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de março de 2011 às 09h54.

Tóquio - O Japão retomou nesta sexta-feira as operações para tentar resfriar os reatores da central nuclear de Fukushima, onde a situação parece ter se estabilizado uma semana depois do terremoto e do tsunami que deixaram 6.539 mortos, segundo o balanço mais recente.

O terremoto de 9 graus seguido por tsunami que devastou o nordeste do Japão há uma semana deixou 6.539 mortos confirmados e 10.354 desaparecidos, anunciou a polícia nesta sexta-feira. O número de feridos supera 2.400.

Sete dias após a tragédia, as chances de se encontrar sobreviventes entre os escombros são cada vez menores, e o número de mortos deve subir diariamente.

Os sobreviventes do terremoto observaram nesta sexta-feira, no mesmo horário do tremor, às 14H46 (2H46 de Brasília), um minuto de silêncio no nordeste do Japão.

No horário exato da catástrofe, centenas de desabrigados reunidos em um ginásio da cidade de Yamada (província de Iwate) prestaram homenagem às vítimas do terremoto e posterior tsunami.

As autoridades japonesas iniciaram nesta sexta-feira operações destinadas a resfriar o combustível do reator 3 da central de Fukushima, com o uso de caminhões-tanque.

Pelo menos sete veículos das Forças de Autodefesa (nome oficial do Exército japonês) vão trabalhar em rodízio para jogar dezenas de toneladas de água no local, tentando impedir que as barras de combustível entrem em fusão e provoquem um acidente nuclear de grandes proporções.

"Os caminhões das Forças de Autodefesa começaram a jogar água no reator 3", confirmou à AFP uma fonte do ministério da Defesa.


A central de Fukushima, situada 250 km a nordeste de Tóquio, foi danificada pelo terremoto de 9 graus e posterior tsunami que devastaram parte da costa leste do país na sexta-feira da semana passada.

Não há planos para o uso de helicópteros nesta sexta-feira.

De acordo com o diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, uma corrida contra o tempo teve início para resfriar os reatores da central nuclear de Fukushima.

"É um acidente gravíssimo", declarou Amano após uma reunião com o primeiro-ministro nipônico, Naoto Kan.

"É muito importante que a comunidade internacional, incluindo a AIEA, participe na questão de forma conjunta. O resfriamento é extremamente importante, acredito que se trata de uma corrida contra o tempo", explicou.

Ao desembarcar no Japão, Amano explicou que a AIEA medirá o nível de radioatividade em Tóquio a partir desta sexta-feira para tranquilizar a população.

A Agência de Segurança Nuclear japonesa aumentou nesta sexta-feira de 4 para 5 o nível do acidente nuclear de Fukushima na Escala Internacional de Acontecimentos Nucleares e Radiológicos (INES, na sigla em inglês), que vai até 7.

A decisão da agência coloca a crise de Fukushima no mesmo nível do acidente de 1979 na central de Three Mile Island, na Pensilvânia (EUA).

A Autoridade de Segurança Nuclear da França classifica a crise de Fukushima como nível seis. O desastre de Chernobyl, em 1986, é considerado nível sete.

O nível 5 indica "um acidente com consequências graves", de acordo com a INES, enquanto o nível 4 significa um "acidente com consequências locais".

De acordo com o jornal Yomiure Shimbun, o Japão rejeitou a ajuda técnica dos Estados Unidos logo após o acidente nuclear de Fukushima.


Depois do acidente, os Estados Unidos ofereceram ajuda imediata às autoridades japonesas, informou ao jornal um alto membro do Partido Democrata do Japão, no poder.

Segundo o jornal, os Estados Unidos propuseram ajuda para desmantelar os reatores danificados na central administrada pela Tokyo Electric Power (Tepco) em Fukushima.

O governo japonês e a Tepco rejeitaram a oferta, estimando que "era muito cedo para adotá-la" e acreditando ser possível reparar os sistemas de refrigeração.

Segundo o jornal, alguns membros do governo e do partido acreditam que a crise nuclear poderia ter sido evitada se o governo do premier Naoto Kan tivesse aceitado a oferta americana.

O terremoto da semana passada supera o balanço do tremor de Kobe (oeste) em 1995, que deixou 6.434 vítimas fatais.

Mas o balanço ainda pode aumentar, já que o número de desaparecidos é grande.

O terremoto de 9 graus de magnitude, o mais grave da história do país, seguido de um tsunami com ondas de 10 metros de altura, é o que provocou mais mortes no país desde o de Kanto em 1923 (7,9 graus), que deixou 142.807 mortos e desaparecidos em Tóquio e seus arredores.

A cidade portuária de Kobe foi afetada em 17 de janeiro de 1995 por um terremoto de 7,2 graus.

Na economia, o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio encerrou a sessão de sexta-feira em alta 2,72%, após o anúncio de uma intervenção do G7 no mercado de divisas para conter a alta do iene e na ausência de notícias ruins sobre a central de Fukushima.

O Nikkei 225 ganhou 244,08 pontos, a 9.206,75 unidades.

Ao longo da semana, porém, o Nikkei acumulou perdas de 10,22%, em consequência da catástrofe que paralisou o Japão.

As ações da empresa Tepco, que explora os reatores nucleares de Fukushima avariados pelo tremor de 11 de março, recuperaram-se em 18,79% nesta sexta-feira, depois de uma queda acumulada de 62,4% nas quatro sessões anteriores.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaDesastres naturaisJapãoPaíses ricosUsinas nucleares

Mais de Mundo

À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história

RFK Jr promete reformular FDA e sinaliza confronto com a indústria farmacêutica

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde