As ilhas disputadas são chamadas de Diaoyu pela China e de Senkaku pelo Japão (Jiji Press/AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de setembro de 2012 às 21h13.
Tóquio - O Japão extremou nesta terça-feira a vigilância em torno do arquipélago disputado com Pequim no meio do aumento da tensão e os protestos na China, que levaram várias empresas japonesas a paralisar temporariamente suas operações nesse país.
No começo da manhã a Guarda Litorânea japonesa avistou um barco chinês perto das águas territoriais do conflituoso arquipélago, conhecido como Senkaku no Japão e Diaoyu na China, o que levou o centro de gestão de crise do Governo japonês a ativar um esquema de informação para acompanhar de perto a situação.
Várias horas depois a Guarda-Costeira do Japão, país que administra formalmente as ilhas, informaram que outra dezena de embarcações chinesas se encontravam próximas às águas vizinhas a essas ilhas desabitadas, situadas no Mar da China Oriental e de menos de sete quilômetros quadrados.
O primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, assegurou que seu Governo vai realizar uma intensa vigilância e controle de todos os movimentos nas águas que rodeiam o pequeno arquipélago, rico em recursos pesqueiros e que se acredita que abrigue também reservas de hidrocarbonetos.
Segundo a ''Fuji TV'', no caso que pesqueiros chineses se aproximarem do arquipélago o Governo do Japão está preparado para criar uma ''zona de defesa'' na qual cerca de 30 barcos da Guarda Litorânea fariam uma espécie de ''muro'' ao redor das conflituosas ilhas.
Na região, além disso, se encontra uma embarcação das Forças de Autodefesa (Forças Armadas japonesas) enviada pelo Ministério da Defesa para garantir a manutenção da ordem, informou a ''Fuji TV''.
A estreita segurança na região não impediu que nas primeiras horas de hoje dois ativistas japoneses chegassem a ilha de Uotsuri (a maior do pequeno arquipélago) nadando a partir de um bote de um pesqueiro com o qual tinham se aproximado da área, após ignorar as advertências das patrulheiras japonesas.
Ambos estiveram pouco tempo nas ilhas antes de retornar ao barco e ser interrogados pela Guarda Litorânea, já que, embora para o Japão as ilhas sejam território estatal, os japoneses que desejarem desembarcar nelas precisam de uma autorização especial.
Os últimos fatos coincidem com o 81º aniversário do chamado ''incidente de Manchúria'' de 1931, quando o Exército Imperial japonês orquestrou a explosão de um trecho de uma rede ferroviária de propriedade japonesa nessa região e o utilizou como pretexto para invadir o nordeste da China em 1931.
A embaixada japonesa em Pequim e os consulados nas principais cidades chinesas permaneceram hoje em alerta perante o recrudescimento dos protestos, enquanto várias empresas japonesas, entre elas grupos como Toyota Motor, fecharam suas instalações no país.
A Toyota decidiu não abrir algumas das unidades que possui em cidades como Tianjin, Changchun e Sichuan, enquanto fabricantes como Nissan Motor, Honda Motor e Mitsubishi Motors também pararam várias de suas fábricas e ainda não decidiram se amanhã voltarão a operar.
A Mazda Motor também promoveu o fechamento de sua fábrica de montagem de Nanjing até sexta-feira, ao mesmo tempo em que muitas das empresas japonesas, incluindo Hitachi e Panasonic, recomendaram a seus trabalhadores japoneses que permaneçam estes dias em suas casas.
Também fecharam hoje suas lojas no varejo a Seven & i Holdings (que fechou quase 200 estabelecimentos 7-Eleven em Pequim) e a popular Uniqlo, que se refletiu em grandes quedas de suas ações na Bolsa de Valores de Tóquio.
A tensa situação desperta temor no Japão por causa dos grandes interesses econômicos na China, país que recebe quase um quarto do total das exportações japonesas, o que em 2011 foi equivalente ao recorde de US$ 161,5 bilhões.
Além disso, no ano passado o Japão realizou investimentos diretos de US$ 12,649 bilhões na segunda maior economia mundial (74,4% mais que em 2010).