O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato à presidência republicano de 2024, Donald Trump (E), ao lado do senador de Ohio e candidato republicano à vice-presidência, J.D. Vance (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 17 de julho de 2024 às 09h36.
Ex-crítico e hoje companheiro de chapa de Donald Trump, o senador J.D. Vance fará nesta quarta-feira, 17, seu primeiro discurso como candidato à vice-presidência, durante o horário nobre, na Convenção Nacional Republicana de Milwaukee.
Quem é o vice de Trump? Conheça J.D. VanceCriado em uma região industrial dos Estados Unidos que enfrentava dificuldades, Vance integrou o corpo de fuzileiros navais e se formou em Direito na Universidade de Yale. Ele passou pelo Vale do Silício e em 2022 venceu a eleição para o Senado por Ohio, com o apoio de Trump.
Na segunda-feira, 48 horas depois de sobreviver a uma tentativa de assassinato, Trump retomou sua agenda e ligou para Vence para informá-lo que havia sido escolhido como candidato a vice, para a disputa contra o presidente democrata Joe Biden.
Este conservador de Ohio, que completará 40 anos no próximo mês, seria o terceiro vice-presidente mais jovem da história - e um dos menos experientes - se Trump conquistar a vitória em novembro.
Antes de ter a barba que ostenta agora, Vance foi um crítico veemente de Trump na campanha presidencial de 2016, quando o chamou de "desastre moral".
Mas depois apagou todas as menagens críticas nas redes sociais e se alinhou ao ex-presidente. "Eu certamente era cético a respeito de Donald Trump em 2016. Mas o presidente Trump foi um grande presidente e mudou minha opinião", disse Vance ao canal Fox News na segunda-feira.
Hoje, ele é um dos principais defensores da ideologia de ultradireita MAGA ('Make America Great Again').
Com a orelha direita com um curativo depois de ser atingido por um tiro de raspão, Trump, recebido com muitos aplausos, acompanhou as duas primeiras noites da convenção ao lado de Vance.
Alguns simpatizantes o imitaram na terça-feira e caminharam pela área da convenção com a orelha direita enfaixada.
Por unanimidade, os delegados da Convenção Republicana oficializaram Trump na segunda-feira como seu candidato à presidência.
Vance discursará nesta quarta-feira e Trump na quinta-feira, quando aceitará a nomeação do partido antes do fim da convenção.
Vance já começou a demonstrar sua lealdade. No sábado, poucas horas depois da tentativa de assassinato, o senador acusou o presidente Joe Biden de ter provocado "diretamente" o ataque, com sua retórica sobre os perigos do trumpismo.
O renomado pesquisador Frank Luntz considera que o ex-presidente Trump, de 78 anos, tem em Vance um aliado jovem que garante a continuidade do movimento MAGA.
"Os operários, essa classe trabalhadora – a compreensão dos eleitores que tradicionalmente eram democratas e que agora encontraram um espaço Donald Trump –, ele enfatiza isso", disse Luntz.
Vance ficou famoso em 2016 com seu livro de memórias "Hillbilly Elegy", um relato sobre sua família branca da classe trabalhadora dos Apalaches, no chamado 'Rust Belt' (Cinturão da Ferrugem), uma região industrial em declínio no nordeste e centro-oeste do país.
Seu perfil também pode tranquilizar os republicanos mais relutantes e atrair os moderados.
No Senado, Vance atuou contra a ajuda à Ucrânia e exigiu que os recursos fossem destinados à luta contra a imigração ilegal.
Defensor do fechamento das fronteiras e do isolacionismo, Vance é descendente de migrantes escoceses-irlandeses e casado com Usha Chilukuri, de raízes indianas, com quem tem três filhos.
Em alguns temas está mais à direita que Trump, como na questão do aborto: ele defende a proibição a nível federal.
"Como vice-presidente, J.D. continuará lutando por nossa Constituição, apoiará nossas tropas e fará todo o possível para me ajudar a fazer os Estados Unidos grandes outra vez", afirmou Trump em sua plataforma Truth Social el lunes.
Quase 50 mil republicanos estão reunidos desde segunda-feira às margens do Lago Michigan para a Convenção Nacional Republicana de quatro dias, que foi abalada depois que um atirador tentou matar Trump em um comício na Pensilvânia no sábado.
O ataque matou um espectador do comício e deixou dois feridos. O atirador foi morto.
Trump afirmou após o tiroteio que esperava unir o país.
E se conseguiu que um de seus críticos se tornasse seu companheiro de chapa, no segundo dia da convenção também recebeu o apoio público dos pré-candidatos republicanos que humilhou durante as primárias partidárias.
Nikki Haley, ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU, de quem Trump fez piada sobre suas origens indianas e ironizou sua capacidade intelectual, afirmou aos delegados da convenção que "um Partido Republicano unificado é essencial" para salvar a nação.
O dia também foi marcado pelo discurso do governador da Flórida, Ron DeSantis, outro político humilhado por Trump durante a campanha.
Após a convenção, Trump viajará a Michigan para um comício de campanha no sábado, exatamente uma semana após a tentativa de assassinato.