Segundo Antonio Patriota, o Itamaraty vai esperar o posicionamento da embaixada iraniana antes de tomar alguma decisão (Elza Fiúza/ABr)
Da Redação
Publicado em 19 de abril de 2012 às 18h21.
Brasília – O Itamaraty vai cobrar explicações da Embaixada do Irã sobre as acusações a um diplomata iraniano de abuso sexual contra crianças, informou hoje (19) o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota. “Gostaríamos de receber esclarecimentos da embaixada a respeito das alegações que consideramos muito preocupantes”, disse.
Patriota destacou que o comunicado, que será enviado ainda hoje à embaixada, mencionará que segundo a Convenção de Viena, todas as pessoas que gozam de privilégios e imunidades devem respeitar as leis e os regulamentos do Estado onde estão.
“Eu consideraria, pessoalmente, inaceitáveis [as alegações de abuso sexual] se algum diplomata brasileiro se comportasse dessa maneira em qualquer país onde estivesse”, comentou. Segundo Patriota, o Itamaraty vai esperar o posicionamento da embaixada iraniana antes de tomar alguma decisão. “Esperamos apurar os fatos e a partir da reação deles examinaremos que medida tomar”.
De acordo com a Convenção de Viena, um diplomata não pode ser processado ou preso no exterior. O conselheiro da missão diplomática da embaixada só pode sofrer punição se o país de origem retirar a imunidade diplomática ou for declarado persona non grata pelo governo local, no caso o brasileiro, sendo expulso do território e impedido de ingressar.
O diplomata é acusado de ter molestado crianças entre 9 e 14 anos na piscina de um clube da Asa Sul, em Brasília, no último sábado. Segundo relato das famílias, o homem acariciou as partes íntimas das vítimas. Cerca de dez meninas estavam na piscina, quando foram abordadas pelo conselheiro diplomático. Parentes registraram um boletim de ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia Civil. O diplomata foi ouvido e liberado em seguida.
Apenas quatro dias após a acusação, a Embaixada do Irã reagiu às denúncias de abuso sexual. Por meio de nota, a representação diplomática informou que o caso de suposto abuso sexual se trata de “inverdades” e define o ocorrido como um “mal-entendido decorrente das diferenças nos comportamentos culturais” entre os dois países.