O vice-presidente também solicitou a mudança do Regulamento de Dublin, que estabelece as normas para a repartição de imigrantes na União Europeia (Charles Platiau/Reuters)
EFE
Publicado em 12 de junho de 2018 às 15h01.
Roma - O vice-presidente do governo italiano Luigi di Maio considerou nesta terça-feira "vergonhoso" que França e Espanha deem "lições de moral" à Itália por ter se recusado a receber o navio Aquarius, que levava 629 imigrantes a bordo, e disse que "nada será como antes" na política migratória.
"França e Espanha fecharam os seus portos há muito tempo, é vergonhoso que representantes desses países venham dar lições de moral por pedirmos a nossos parceiros europeus para repartir os imigrantes que chegarão no verão", criticou o político no Facebook.
Di Maio, líder do Movimento Cinco Estrelas, afirmou que "a Espanha praticou expulsões de imigrantes que foram condenados pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos".
Sobre a França, criticou que o país "todos os dias expulsa imigrantes" que tentam atravessar das cidades fronteiriças italianas de Ventimiglia (noroeste) e Bardonecchia (norte).
O vice-presidente também solicitou "modificar o mais rápido possível" o Regulamento de Dublin, que estabelece as normas para a repartição de imigrantes na União Europeia, e declarou que "na Itália há um novo governo e nada será mais como antes".
O outro vice-presidente, ministro do Interior e líder do partido ultradireitista Liga, Matteo Salvini, também usou as redes sociais para se manifestar.
"A Espanha quer nos denunciar, a França diz que sou 'vomitivo'. Quero trabalhar serenamente por todos, mas com um princípio: primeiro os italianos", comentou.
Essa polêmica ocorre após a Itália ter rejeitado a chegada do navio Aquarius, da ONG francesa SOS Méditerranée, com 629 imigrantes resgatados no Mediterrâneo que, após uma queda de braço entre Itália e Malta, serão finalmente desembarcados na Espanha.
A ministra de Justiça espanhola, Dolores Delgado, afirmou que ajudar essa embarcação representa cumprir a lei internacional e não descartou que "acabem existindo responsabilidades penais internacionais" pela atuação da Itália.
O presidente da França, Emmanuel Macron, denunciou o "cinismo" e a "irresponsabilidade" do governo da Itália na gestão do Aquarius e expressou a intenção de conversar com as autoridades italianas, espanholas e maltesas sobre esta crise.