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Itália enfrenta impasse político após eleições

A coalizão de esquerda, liderada por Pier Luigi Bersani, obteve 29,55% de votos, contra 29,18% para a aliança de direita do ex-premier Silvio Berlusconi

Lista de candidatos é retirada de parede após final das eleições na Itália (AFP/ Filippo Monteforte)

Lista de candidatos é retirada de parede após final das eleições na Itália (AFP/ Filippo Monteforte)

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Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2013 às 07h46.

Roma - Os inesperados resultados das eleições legislativas na Itália ameaçam a governabilidade da terceira economia da Europa, com um Parlamento sem maioria definida e dependente do irreverente líder anti-sistema Bepe Grillo.

A coalizão de esquerda, liderada por Pier Luigi Bersani, obteve 29,55% de votos, contra 29,18% para a aliança de direita do ex-premier Silvio Berlusconi, mas devido à legislação eleitoral italiana, o ganhador ficará com 340 das 630 cadeiras da Câmara de Deputados, segundo o ministério do Interior.

No Senado, a esquerda conquistou 97 cadeiras, com 31,63% dos votos, contra 110 cadeiras para a direita, que recebeu 30,71% dos votos. A complicada legislação italiana atribui mais peso no Senado ao voto regional.

O líder da coalizão de esquerda, Pier Luigi Bersani, estimou nesta segunda-feira que o país enfrenta uma "situação muito delicada".

"A esquerda conquistou a Câmara de Deputados e, por número de votos, o Senado. É evidente que o país atravessa uma situação muito delicada", declarou Bersani ao destacar que o complexo sistema eleitoral ameaça a governabilidade.

"O resultado será administrado tendo em conta os interesses da Itália", afirmou Bersani.

O comediante Beppe Grillo, líder do movimento Cinco Estrelas (M5S), terceira força política após as legislativas, afirmou na noite desta segunda-feira que seu partido cumprirá todas as promessas de campanha.


"Seremos uma força extraordinária. Faremos o que foi prometido: estabelecer um salário de cidadania (mínimo) e não esqueceremos ninguém".

"Seremos 110 no interior" do Parlamento, entre o Senado e a Câmara, "e vários milhões do lado de fora".

"Esta é uma guerra de gerações", disse Grillo, taxado de populista por seus adversários por fazer promessas que não poderá cumprir diante da difícil situação econômica na Itália.

Grillo reafirmou sua promessa de pagar um "salário de cidadania" mensal de 1.000 euros para as pessoas sem emprego e sem recursos, além de reduzir os impostos sobre as pequenas empresas.

O Cinco Estrelas obteve cerca de um quarto dos votos em nível nacional.

Grillo afirmou que "entregar a Itália nas mãos de Berlusconi seria um crime contra a galáxia".

O jornal La Stampa destaca que a Itália "elegeu o Parlamento mais ingovernável da nossa história".

"O Parlamento está bloqueado e nenhum partido alcançará a maioria na Câmara dos Deputados ou no Senado. Isto é um choque", afirma o diretor do influente jornal Corriere della Sera, Ferruccio de Bortoli.

A coalizão de centro-direita liderada por Silvio Berlusconi não obteve a maioria, o que também ocorreu com a aliança de centro liderada pelo tecnocrata Mario Monti.


"Estão acabados, tanto a esquerda como a direita. Bersani e Berlusconi ficaram 25 anos e levaram o país à catástrofe. Eles são o problema", disse Grillo.

O movimento de Grillo surge como a terceira força política do país, atrás do Partido Democrático, de Bersani, e do Povo da Liberdade, de Berlusconi.

A coalizão do atual chefe de governo, Mario Monti, aparece apenas na quarta posição, com 10% dos votos, sendo a grande derrotada nas eleições.

"A Itália deve ter um governo transparente, que trabalhe bem e não prejudique os sacrifícios feitos pelos italianos para resolver os problemas do país", declarou Monti sem falar de sua participação em um futuro governo.

O tecnocrata sofreu as consequências das medidas de austeridade impostas durante seus 15 meses de governo para tirar a Itália do abismo econômico.

A indefinição política é o pior cenário para a Itália, acossada pela crise econômica e a recessão. A instabilidade na terceira economia da zona do euro ameaça ainda desatar uma nova crise da dívida.

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