O governo de centro-direita do primeiro-ministro Silvio Berlusconi cedeu às demandas para fortalecer as medidas e equilibrar o Orçamento até 2013 (Giorgio Cosulich/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de setembro de 2011 às 15h02.
Roma - O governo da Itália prometeu nesta terça-feira elevar o imposto sobre valor agregado e introduzir uma emenda constitucional para equilibrar o Orçamento, enquanto centenas de milhares de pessoas entravam em greve contra o plano fiscal amplamente criticado.
Conforme a pressão do mercado sobre os bônus italianos aumentava, o governo de centro-direita do primeiro-ministro Silvio Berlusconi cedeu às demandas para fortalecer as medidas e equilibrar o Orçamento até 2013.
A alíquota do imposto sobre valor agregado irá de 20 para 21 por cento e um imposto especial de 3 por cento será cobrado sobre rendas acima de 500 mil euros, segundo comunicado do gabinete de Berlusconi.
O comunicado disse, ainda, que os ministros aprovarão a introdução de uma "regra dourada" de equilíbrio orçamentário e transferirão funções dos governos provinciais para os regionais, de modo a simplificar as administrações locais.
Outras mudanças atrasarão a aposentadoria de mulheres empregadas no setor privado a partir de 2014.
Um voto de confiança será convocado no Parlamento, o que deve levar o pacote fiscal para a aprovação no Senado na quarta-feira, dando certa tranquilidade antes da reunião do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira. A autoridade monetária da zona do euro tem pressionado para que Roma aja contra a crise.
O aval da Câmara Baixa será necessário, então, para que o pacote seja aprovado.
Greve
Enquanto o governo fazia mudanças de último minuto no pacote fiscal, manifestantes protestavam em cerca de 100 cidades como parte de uma greve contra os cortes. A paralisação foi convocada pela maior união sindical da Itália, a CGIL.
Os protestos na Itália não se igualaram às manifestações dos "indignados" na Espanha ou às massas reunidas na praça Syntagma, em Atenas, mas a greve desta terça-feira expunha a raiva com os fardos impostos aos italianos durante mais de uma década de estagnação econômica.
"É errado pôr na mira pessoas como eu. Eu estou na linha de pobreza, só ganho mil euros por mês", disse Marco Vacca, de 49 anos, funcionário de uma lavanderia industrial que se juntou à manifestação de milhares em frente à estação ferroviária central de Roma.
A CGIL, que não foi seguida por outros sindicatos moderados, disse que cerca de 58 por cento dos trabalhadores estavam em greve nos setores afetados, número mais ou menos em linha com os registrados nos grandes protestos do ano passado.