Guerra Israel x Hamas: esde o ataque, somente quatro reféns foram libertados pelo Hamas (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 12 de novembro de 2023 às 08h39.
Milhares de israelenses se manifestaram em várias cidades do país no sábado, 11, à noite para exigir do governo de Benjamin Netanyahu que garanta a libertação das pessoas feitas reféns pelo grupo fundamentalista islâmico Hamas no ataque terrorista de 7 de outubro. Segundo autoridades israelenses, além dos 1,2 mil mortos no massacre (número rebaixado da contagem anterior de 1,4 mil), 239 pessoas foram levadas para a Faixa de Gaza, e há 40 desaparecidos. Desde o ataque, somente quatro reféns foram libertados pelo Hamas.
O principal ato ocorreu em frente ao Museu Tel Aviv, local agora apelidado de "Praça dos Reféns" pelos manifestantes, com discursos do ex-presidente Reuven Rivlin, ex-ministro da Educação Shay Piron, e representantes das famílias dos reféns. Os manifestantes marcaram o aniversário de Sasha Tropanov, uma moradora de Tel Aviv que foi sequestrada no kibbutz Nir Oz juntamente com sua avó, mãe e namorada.
"Nos perguntam a quem dirigimos nossa raiva, e é a toda Humanidade, mas principalmente àqueles que são responsáveis por nós", disse Jacky Levy, parceiro de Noam Dan, cuja família também foi levada de Nir Oz, ao jornal israelense Haaretz. "Eles não podem nos pedir 'confiem em nós', quando essa frase não tem mais nenhum sentido desde 7 de outubro."
Os protestos contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, têm aumentado nos últimos dias, alimentados, além das críticas pelos reféns, pela sensação de falta de segurança. Na cidade costeira de Caesarea, onde se localiza a residência de Netanyahu, manifestantes pediram sua renúncia.
"A cada minuto que passa aumenta a raiva contra o réu [Netanyahu, que é julgado por corrupção], que, depois de 34 dias continua a fracassar em libertar os reféns, restaurar as comunidades perto de Gaza, permitir aos moradores do norte [perto da fronteira do Líbano] que retornem a suas casas e apoiar os soldados e comandantes das Forças Armadas que lutam contra o Hamas," disseram os organizações no convite ao ato, segundo o Haaretz.
Na cidade de Haifa, no norte, manifestantes leram os nomes daqueles assassinados pelo Hamas e dos sequestrados para Gaza. Depois, seguiram para o ato em Caesarea. Também houve concentrações na Praça Paris, em Jerusalém, cuja parte oriental é reivindicada pelos palestinos em eventual futuro Estado, e em Be'er Sheva e Eilat.
Na quinta-feira, dezenas de manifestantes, entre eles familiares de reféns do Hamas, protestaram em frente à casa do bilionário Simon Falic, em Jerusalém, local onde Netanyahu tem se hospedado nas últimas semanas. No fim de semana passado, milhares de pessoas tomaram as ruas de Tel Aviv, Haifa, Beersheba e Eilat para protestar contra o primeiro-ministro.
À frente do governo mais à direita na História de Israel, Netanyahu — que já enfrenta problemas jurídicos e políticos — terá uma tarefa difícil para se manter no poder ao final do conflito, apontam analistas.
Se sua popularidade já não era das melhores antes da guerra (mesmo entre eleitores do Likud, partido que lidera), agora 73% da população não o veem como a pessoa certa para governar Israel, mostrou a sondagem do Instituto de Pesquisa Lazar, publicada há pouco mais de uma semana. Uma outra pesquisa, esta do Canal 13 de Israel, divulgada no sábado passado, revelou que 76% dos entrevistados acreditam que Netanyahu deveria renunciar, e 64% apoiam a realização de eleições imediatamente após a guerra.
A maior parte da frustração atual do público com Netanyahu se deve, sobretudo, à sua recusa em pedir desculpas pelo fracasso de Israel em prever ou impedir o ataque. Na sondagem do Canal 13, 80% dos israelenses desejam que ele assuma a responsabilidade pelas falhas de inteligência e segurança (reconhecidas pelas agências militares de Israel, mas não por ele) que antecederam a invasão.