Poças de sangue próximas a livro sagrado israelense em cena de ataque a sinagoga em Jesuralém (Kobi Gideon/GPO/Handout via Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2014 às 12h27.
Jerusalém - A "mão de ferro" prometida por Israel após o atentado contra uma sinagoga na terça-feira começou a entrar em prática nesta quarta-feira em Jerusalém Oriental, onde as forças de segurança destruíram pela primeira vez em muitos anos o apartamento de um "terrorista palestino".
O apartamento de Abdel Rahman Shalodi, no bairro de Silwan, em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel, foi totalmente destruído.
Em 22 de outubro, Shalodi avançou com um veículo contra um ponto de ônibus e matou um bebê com cidadania israelense e americana de três meses e uma equatoriana de 22 anos.
"Para onde vamos agora. Não temos mais casa", afirmou Nibras, irmã do palestino acusado de terrorismo.
As casas de outros palestinos acusados de participação em ataques contra israelenses provavelmente terão o mesmo destino.
Esta é a primeira vez desde 2009 que as forças israelense destroem uma casa em Jerusalém, uma medida que os palestinos consideram uma punição coletiva insuportável, afirmou um advogado israelense que trabalha em Jerusalém.
Nos territórios ocupados da Cisjordânia a prática de destruição de casas, que quase sempre deixa famílias inteiras na rua, não deu trégua.
Em agosto, o exército destruiu as residências de dois homens acusados pelo sequestro e morte de três adolescentes judeus em junho.
A política de destruição de casas não tem o apoio unânime do exército. Alguns a consideram dissuasiva, outros contraproducente por provocar tensões.
Diante de uma situação cada vez mais explosiva, o governo israelense tentou cumprir rapidamente a promessa de "mão de ferro" do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu contra a série de atentados das últimas semanas, em particular o da sinagoga de Jerusalém Ocidental.
Dois primos palestinos, Udai e Ghassan Abou Jamal, armados com machados e uma pistola, mataram quatro rabinos e um policial antes de serem mortos.
Este foi o ataque mais violento desde 2008 em Israel e o primeiro contra um local de culto judaico em Jerusalém em muito tempo.
O ataque contra a sinagoga foi o ponto máximo da "onda terrorista", nas palavras de Netanyahu, e de vários meses de violência.
Abdelrahman Shalodi, que foi morto a tiros pela polícia, encarna para os especialistas a ameaça representada pelas pessoas que atuam por iniciativa pessoal, capazes de provocar um grande golpe com poucos recursos.
Duas semanas mais tarde, outro palestino também provocou duas mortes usando o mesmo método praticamente no mesmo lugar. Ele também foi morto pela polícia.
Desde julho, Jerusalém foi cenário de vários ataques, assim como de confrontos diários entre jovens palestinos e policiais israelenses.
A revolta dos palestinos com a ocupação, a continuidade da colonização israelense, as detenções em massa e o desemprego contribuem para a inquietação provocada pelo tema sensível da Esplanada das Mesquitas.
A Esplanada é o terceiro local sagrado do islã e o local mais sagrado do judaísmo.
Os muçulmanos temem que o primeiro-ministro israelense, apesar dos reiterados desmentidos, ceda à pressão dos extremistas e autorize os judeus a rezar na Esplanada.
Diante da violência e das manifestações, o governo reforçou a presença policial e a repressão, o que inclui a demolição de casas.
Além de Shalodi, três famílias receberam a notificação formal sobre a destruição de casa. As famílias dos autores do ataque contra a sinagoga sofrerão a mesma represália, já que o primeiro-ministro deu ordens neste sentido.