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Israel tenta acalmar ânimos e evitar violência após ataque

Autoridades fizeram todo o possível para evitar que o ataque contra uma família palestina, no qual morreu um bebê, provoque uma nova onda de violência


	Árabes israelenses seguram a bandeira palestina na cidade de Sakhnin, Israel
 (AFP/ Ahmad Gharabli)

Árabes israelenses seguram a bandeira palestina na cidade de Sakhnin, Israel (AFP/ Ahmad Gharabli)

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Da Redação

Publicado em 31 de julho de 2015 às 17h24.

Jerusalém - As autoridades israelenses fizeram todo o possível para tentar acalmar os ânimos e evitar que o ataque desta madrugada contra uma família palestina por colonos extremistas judeus na cidade cisjordaniana de Duma - no qual morreu um bebê - provoque uma nova onda de violência.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apressou-se a condenar o ataque nos termos mais duros e horas mais tarde foi visitar uma das vítimas do ataque de Duma, uma criança de quatro anos, irmão do bebê falecido, quem tem queimaduras em 60% de seu corpo.

Além disso, Netanyahu ligou pessoalmente para o presidente palestino, Mahmoud Abbas, para expressar sua condenação pelo ocorrido e oferecer sua colaboração para lutar juntos contra o terrorismo.

Além disso, o governo de Israel se responsabilizou pelos três feridos no ataque de Duma: o pai do bebê, Said Dawabsha, de 32 anos; sua esposa, Rihan, de 27, e o pequeno Ahmad, de quatro, que foram transferidos por helicópteros militares a dois hospitais nas cidades israelenses de Tel Aviv e Bersheva, em um gesto pouco habitual nestes casos.

"Estamos fazendo tudo o que podemos para salvar suas vidas. Estamos comovidos, enfurecidos. Tolerância zero contra o terrorismo, venha de onde venha", disse Netanyahu em comunicado.

O presidente do Estado de Israel, Reuven Rivlin, também visitou o pequeno Ahmad no hospital, condenou com dureza o ataque, e prometeu deter os culpados.

A vice-ministra das Relações Exteriores israelense (que na prática exerce a responsabilidade do departamento, cujo titular é Netanyahu), Tzipi Hotovely, aproveitou a ocasião para lembrar Hadas Fogel, um bebê judeu morto em 2011 durante um ataque palestino no qual foram assassinados cinco membros de uma família colonizadora.

Hotovely ressaltou que nas tábuas da lei judaica figura de maneira expressa a proibição de matar, ao mesmo tempo em que deplorou o assassinato e o qualificou de "atrocidade".

A crueldade do ataque foi imediatamente relacionada pelos palestinos, ONGs israelenses e até mesmo pela União Europeia (UE) com a falta de castigo habitual aos crimes dos colonos judeus na Cisjordânia cometidos contra palestinos.

Em comunicado, a UE instou Israel a ter "tolerância zero" perante a violência realizada por colonos israelenses e exigiu "total responsabilidade, uma aplicação efetiva da lei" e que as autoridades israelenses tomem "medidas determinadas para proteger à população local", além de reiterar sua "forte oposição à política de assentamentos de Israel".

Já o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, atribuiu diretamente o fato à "impunidade" que Israel permite aos colonos e pediu a intervenção da comunidade internacional.

Tudo indica que o violento ataque aconteceu por causa do mal-estar gerado esta semana entre a comunidade colonizadora pela demolição, na quarta-feira passada, de dois prédios no assentamento de Beit El, por ordem do Tribunal Supremo israelense e que deu lugar a enfrentamentos entre ultranacionalistas e as forças de segurança israelenses.

A organização pacifista israelense Paz Agora chegou hoje a assegurar que por trás do assassinato do bebê está "a instigação por parte de figuras públicas da extrema direita" e a política de "premiar os colonos" por ações ilegais.

"Isto não surge do nada. Vem de anos de ódio e incitação desde o mais alto nível das figuras públicas de Israel", disse à Agência Efe Anat Ben Nun, porta-voz desta ONG, que convocou para amanhã, sábado, uma manifestação de protesto em Tel Aviv.

O ataque dos colonos foi respondido ao longo do dia por pequenos focos de violência palestina, que não provocaram danos sérios.

Foram registradas revoltas de jovens palestinos perto da passagem de controle militar de Qalandia, a principal entre Jerusalém e Ramala, assim como nas cidades palestinas de Qadum (perto de Nablus), Jaljul e Hebron (no sul da Cisjordânia), na Cidade Antiga de Jerusalém, e no bairro de Issawiya.

Em Bir Zeit, ao leste de Ramala, ficou ferido por fogo israelense um jovem palestino que lançou um coquetel molotov contra um posto militar e no norte da Faixa de Gaza morreu um jovem de 17 anos e outro ficou ferido por disparos das tropas quando se aproximaram da cerca divisória.

Além disso, no vale do Jordão um veículo, provavelmente palestino, atirou contra um carro israelense, supostamente de colonos, que saíram armados e responderam com mais disparos, segundo o site de notícias israelense "Ynet".

O incidente terminou sem feridos e as autoridades israelenses impuseram uma ordem de censura sobre ele, assim como sobre a investigação do ataque de Duma.

O controle da informação, as duras condenações e as promessas de castigo aos culpados são parte da estratégia para que não se alterem ainda mais os ânimos e não se repitam fatos como os ocorridos no ano passado.

O sequestro e assassinato de três jovens israelenses em junho de 2014 foi seguido em julho de 2014 pelo assassinato em represália do palestino Mohammed Abu Jdeir (queimado vivo por colonos extremistas), que provocou uma espiral de violência que deu lugar à guerra de Gaza, na qual morreram 2.251 palestinos (1.462 deles civis e 551 crianças) e 67 soldados e seis civis do lado israelense. 

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