Palestinos enterram Abdallah Abu Ghazal, de cinco anos, morto em ataque aéreo israelense, em Beit Lahiya, na Faixa de Gaza (Mahmud Hams/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de julho de 2014 às 15h58.
Gaza - A aviação israelense mantinha nesta quinta-feira, pelo terceiro dia, a ofensiva aérea contra Gaza, que matou 82 palestinos até o momento, mas não conseguiu impedir o Hamas de disparar foguetes em direção a Jerusalém.
Diante do aumento da violência, com 31 palestinos mortos apenas nesta quinta, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu um cessar-fogo imediato durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.
"É mais urgente do que nunca tentarmos chegar a um entendimento para um retorno à calma e um acordo de cessar-fogo", declarou Ban, reiterando seu "apelo aos dois lados em conflito para que tenham o máximo de contenção".
O presidente russo, Vladimir Putin, fez uma declaração parecida em um telefonema ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pedindo o fim imediato dos confrontos e expressando preocupação com a morte de civis.
Já o secretário americano de Estado, John Kerry, alertou que a região está vivendo um momento perigoso, depois de conversar com Netanyahu e com o líder palestino, Mahmud Abbas.
Mas Israel não parece buscar um cessar-fogo com o Hamas e, de acordo com declarações de Netanyahu, isso não estaria nem mesmo na agenda.
O Hamas também parece não querer uma trégua, ao lançar nesta quinta-feira a partir de Gaza quatro foguetes contra Jerusalém. Dois deles foram interceptados sobre a cidade e dois outros caíram em zonas desabitadas, declarou o Exército israelense.
Um dos foguetes caiu perto da colônia de Ma'ale Adumim, a leste de Jerusalém, na Cisjordânia ocupada, e um outro, perto de uma prisão militar israelense, de acordo com testemunhas e fontes da segurança palestina.
Três violentas explosões foram registradas em Jerusalém pouco depois de as sirenes de alerta terem soado na cidade, obrigando os moradores a buscar abrigo, constatou um correspondente da AFP no local.
Esta é a segunda vez em dois dias que as sirenes de alerta soaram em Jerusalém.
As sirenes também foram acionadas na colônia de Ma'ale Adumim, a leste dessa cidade, segundo testemunhas.
Testemunhas disseram à AFP que uma explosão atingiu uma zona desabitada em Mishor Adumim, uma região industrial próxima de Ma'ale Adumim.
Mais ao norte, fontes da segurança palestina indicaram que um foguete foi abatido perto de Ofer, uma prisão militar israelense a oeste de Ramallah.
Ruas vazias
Desde o início das operações, na terça-feira, 82 palestinos morreram e mais de 500 ficaram feridos.
Com o aumento do número de vítimas em Gaza, o Egito abriu sua passagem fronteiriça de Rafah, com hospitais no Sinai de prontidão para receber os feridos, declarou a agência oficial do Egito, Mena.
Não há relatos de mortos ou feridos em estado grave até o momento do lado israelense, mas fontes médicas afirmam que uma mulher faleceu nesta quinta-feira, um dia depois de cair tentando encontrar abrigo.
"Estamos enfrentando longos dias de combates e o Hamas está tentando surpreender os israelenses com ataques aéreos, por mar e por terra", declarou nesta quinta-feira o ministro da Defesa israelense, Moshe Yaalon.
A violência esvaziou as ruas de Gaza e Tel Aviv, onde a população está amedrontada, perguntando onde cairá o próximo foguete ou míssil.
O calçadão de Tel Aviv, geralmente lotado no verão, também estava completamente vazio.
Nos cafés de Gaza, o panorama é ainda mais sombrio. Na madrugada desta quinta-feira, oito pessoas morreram e 15 ficaram feridas em um ataque aéreo contra um café de Khan Yunis, onde os clientes assistiam à semifinal da Copa do Mundo entre Argentina e Holanda.
Israel confirmou por meio de várias autoridades que examina uma possível operação terrestre. Há vários dias, tanques estão concentrados ao longo da fronteira de Gaza.
"Se o fogo continuar, não descartamos uma incursão terrestre", disse o presidente de Israel, Shimon Peres, à rede CNN a respeito dos disparos de foguetes palestinos.
Perez advertiu que a operação pode ser ordenada "em breve".
O governo israelense autorizou a convocação de 40.000 reservistas para o caso de uma operação terrestre.
Desde o início da operação, a maior ofensiva militar israelense contra Gaza desde novembro de 2012, as forças de Israel atacaram 860 alvos terroristas, 110 deles nesta quinta-feira.