Acampamento de palestinos que tiveram de deixar suas casas para fugir da guerra, em Rafah, na Faixa de Gaza (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 11 de fevereiro de 2024 às 12h38.
Última atualização em 11 de fevereiro de 2024 às 12h39.
Israel enfrenta crescente pressão internacional contra a iminente “operação massiva” em Rafah, para onde foram mais de 1 milhão de palestinos deslocados internamente pelo conflito em Gaza. O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, por outro lado, reafirmou que a ação é necessária para eliminar o grupo terrorista Hamas e prometeu passagem segura para os civis.
O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, o ex-premiê David Cameron se disse “profundamente preocupado” com a perspectiva de uma ofensiva em Rafah. “A prioridade deve ser uma pausa imediata nos combates para fazer chegar a ajuda e retirar os reféns, e depois avançar no sentido de um cessar-fogo sustentável e permanente”, acrescentou.
Na mesma linha, o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, o primeiro-ministro da Escócia, Humza Yousaf, e a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, alertaram que a ofensiva em Rafah seria uma catástrofe humanitária.
A Arábia Saudita, por sua vez, defendeu que o Conselho de Segurança da ONU precisa se reunir com urgência para “prevenir Israel de causar o iminente desastre humanitário em Rafah”.
Apesar dos apelos, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu reafirmou a ofensiva no sul da Faixa de Gaza. “Vamos fazer”, disse em entrevista à rede ABC, que vai ao ar neste domingo. “Daremos passagem segura para os civis, assim, eles poderão sair”, acrescentou no trecho antecipado pela emissora.
Não está claro, no entanto, para onde iriam essas pessoas já que a cidade é a última ao sul do enclave e faz fronteira com o Egito. Sem dar mais informações, Netanyahu disse apenas que Israel trabalha em um plano detalhado.
Na sexta-feira, o governo israelense ordenou as tropas que se preparassem para invasão terrestre da cidade e retirasse os civis de Rafah. Horas depois, lançou ataques aéreos que mataram 44 pessoas.
“Disseram que Rafah era seguro, mas não é. Todos os lugares são atacados”, lamentou o palestino Mohamed Saydam após o bombardeio.
A guerra foi desencadeada pelo ataque terrorista do Hamas, que matou 1,2 mil pessoas em Israel e levou cerca de 250 como reféns. A ofensiva já deixou mais de 28 mil mortos em Gaza, segundo o ministério da Saúde local, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas.
Israel afirma que a operação em Rafah é necessária para o seu objetivo de eliminar o grupo terrorista e resiste aos pedidos de cessar-fogo que, na visão de Tel-Aviv, permitiria uma reorganização do Hamas.
A iminente ofensiva tem elevado a tensão com o Egito, preocupado com a pressão para abrir a fronteira para os refugiados de Gaza - algo que reluta em fazer desde o início do conflito. Isso porque Cairo teme a instabilidade no Sinai, uma zona militar sensível, e o deslocamento forçado dos palestinos.
“O Egito enfatiza que quaisquer tentativas ou esforços que busquem deslocar à força os palestinos de suas terras estão fadados ao fracasso, já que a única saída para a crise atual está incorporada na solução de dois Estados e no estabelecimento de um Estado palestino independente”, disse o presidente Abdel Fatah al-Sissi na sexta-feira.
Cairo alertou ainda que qualquer movimento que fizesse com que os habitantes de Gaza entrassem em seu território colocaria em risco o tratado de paz de 1979, quando o Egito se tornou o primeiro país árabe a reconhecer o Estado de Israel.