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Israel procura túneis em Gaza antes de cessar-fogo

Israel iniciou corrida contra o relógio para destruir túneis do Hamas em Gaza, antes da diplomacia internacional forçar um encerramento do enfrentamento armado


	Soldado israelense: "em Gaza há uma cidade subterrânea", disse o ministro da Defesa
 (Jack Guez/AFP)

Soldado israelense: "em Gaza há uma cidade subterrânea", disse o ministro da Defesa (Jack Guez/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2014 às 14h19.

Jerusalém - O exército de Israel iniciou uma corrida contra o relógio para destruir os túneis do movimento islamita Hamas em Gaza, principalmente os de finalidade ofensiva, antes da diplomacia internacional forçar um encerramento do enfrentamento armado.

"Necessitaremos de dois ou três dias a mais", disse o ministro da Defesa, Moshe Yaalon, que deu ordens para que seja dinamitado tudo o que for possível antes de uma trégua.

Construídos ao longo de anos e ao largo de uma faixa de 360 quilômetros quadrados, a infraestrutura dos túneis é "inimaginável", segundo um alto oficial consultado pela Agência Efe.

"Em Gaza há uma cidade subterrânea, quilômetros e quilômetros de túneis interligados e com diferentes propósitos", explicou.

Os analistas militares os classificam em categorias: os "econômicos", que já chegaram a dois mil e servem para burlar o bloqueio israelense; os de "fuga", nos quais os líderes islamitas costumam se esconder; e os de "ataque", que cruzam até o território israelense e se transformaram no novo "calcanhar-de-aquiles" de Israel.

"Está claro agora que os túneis tinham o objetivo de se infiltrar em Israel, algo que sabíamos há tempo, mas que ficou mais que demonstrado", afirmou hoje a ministra da Justiça israelense, Tzipi Livni. Na manhã desta segunda-feira, dois comandos islamitas tentaram entrar em Israel através dos túneis, a quinta vez que isto ocorre em duas semanas.

Desde que começou sua ofensiva terrestre em Gaza, na quinta-feira passada, Israel encontrou 36 bocas de 15 túneis diferentes que conduziam ao seu território, um deles até o refeitório coletivo do kibutz de Netiv Haasara e outro na porta de uma casa de uma família no conselho rural de Eshkol.

A inteligência militar acredita que pode haver outros dez túneis, mas se vê desconcertada cada vez que, como nesta manhã, ocorre uma tentativa de incursão por um túnel que não tinha sido localizado.

Israel descobriu há anos o perigo das escavações, mas o alarme disparou quando em outubro de 2013 o exército descobriu um túnel de 2,5 quilômetros de comprimento, que ia da cidade de Absan A-Zariz ao kibutz Ein Hashelosha.

Um analista militar estimou na ocasião que entre 600 e 800 toneladas de concreto e ferro tinham sido utilizadas em suas paredes, o que justificou o bloqueio israelense à entrada de materiais de construção na Faixa de Gaza durante anos.

Vídeos divulgados na internet pelo Hamas mostram corredores de um uma construção de concreto, iluminada e com o tamanho suficiente para permitir o cômodo e rápido deslocamento de forças armadas.

O exército israelense diz ter encontrado bocas de túneis no interior de casas palestinas em zonas limítrofes, com saídas que nem sempre são terminadas de se cavar para evitar a detecção de robôs e patrulhas.

"Alguns dos túneis começaram a ser cavados há seis anos", disse a alta fonte militar, que se referiu à suavidade e porosidade da terra de Gaza para explicar a facilidade com a qual o Hamas os escava.

O exército israelense detonou nas últimas vinte e quatro horas oito dos quinze túneis, e fará o mesmo com o restante quando os serviços de inteligência terminarem de delimitar seu traçado.

Da mesma forma que desenvolveu o sistema Cúpula de Ferro há alguns anos diante da ameaça dos foguetes, Israel testou vários tipos de ideias para lutar contra o fenômeno dos túneis, até agora sem nenhum êxito.

A última tentativa, revelada hoje pelo jornal "Yedioth Ahronoth", era construir sob 70 quilômetros de fronteira, e a 25 metros de profundidade, um grande túnel dotado de sensores de grande sensibilidade que alertassem para qualquer atividade subterrânea.

A ideia, que custaria US$ 735 milhões, foi testada na superfície com um sistema parecido, mas os alarmes disparavam toda vez que um veículo passava a centenas de metros.

Israel também não pode resolver o emaranhando de túneis dentro de Gaza, utilizados pelos milicianos para se movimentarem sem serem atacados pelo ar, transportar armamento, recarregar plataformas de lançamento e se abastecer.

"Há centenas deles, todos interligados. É como um metrô. Suas bocas saem em mesquitas, escritório onde se fabrica o armamento, pontos de lançamento de foguetes", disse a fonte militar consultada pela Efe, que pediu anonimato.

Ao contrário de ofensivas anteriores, a Força Aérea israelense vem enfrentando problemas para destruir as plataformas de lançamento.

"A maioria dos foguetes estão hoje ocultos, e para dispará-los só é preciso levantar um pequeno portão, às vezes o teto de uma casa, outras uma tampa dissimulada", explicou sobre táticas que o Hamas aprendeu do movimento xiita libanês Hezbollah.

"O que os soldados estão fazendo agora é destruir esses túneis. O Hamas não demonstra vontade de querer aceitar um cessar-fogo, portanto seguiremos fazendo isso enquanto podemos", disse Livni.

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