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Israel pede informações de crianças reféns após libertação de pai neste sábado

Com as solturas mais recentes, chega a 18 o número de reféns libertados desde o início do cessar-fogo, em 19 de janeiro; acordo deve durar 42 dias no total

Hamas libertou na manhã deste sábado (1) mais três reféns israelenses como parte do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza  (AFP)

Hamas libertou na manhã deste sábado (1) mais três reféns israelenses como parte do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza (AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 1 de fevereiro de 2025 às 15h28.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2025 às 15h29.

O grupo terrorista Hamas  libertou na manhã deste sábado (1) mais três reféns israelenses como parte do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. Em contrapartida, Israel libertou 183 prisioneiros palestinos.

À representantes da Cruz Vermelha, foram entregues o cidadão israelense-americano Keith Siegel, de 65 anos; o franco-israelense Ofer Kalderon, de 54, e Yarden Bibas, de 35. Este último foi sequestrado nos ataques sem precedentes de 7 de outubro de 2023 junto de sua esposa, Shiri, e de seus dois filhos pequenos: Ariel, que tinha 4 anos, e Kfir, que foi levado para o enclave quando tinha apenas nove meses de idade.

Após o retorno de Bibas, o coordenador do escritório do primeiro-ministro para reféns e pessoas desaparecidas, Gal Hirsch, expressou preocupação com a vida de Shiri e das duas crianças. Em declaração à repórteres no Centro Médico Sheba, em Tel Hashomer, ele disse que autoridades do Estado judeu estão “procurando por eles há muito tempo”, rastreando seus passos e “investigando o que aconteceu”. No passado, o grupo palestino afirmou que Shiri e as duas crianças foram mortas no cativeiro por bombardeios israelenses.

— Mesmo nestas horas, estamos novamente exigindo informações dos mediadores sobre a condição deles — disse Hirsch.

Em comunicado, a família de Bibas agradeceu ao Exército israelense e às autoridades competentes pelo retorno dele, mas ressaltou que “seu lar continua incompleto”: “Um quarto do nosso coração retornou para nós após 15 longos meses. Não há palavras para descrever o alívio de abraçá-lo e ouvir sua voz. [Mas] Yarden Bibas é um pai que saiu de seu quarto seguro para proteger sua família, sobreviveu bravamente ao cativeiro e retornou a uma realidade insuportável. [...] Seguimos com esperança pelo retorno de Shiri, das crianças e de todos os reféns”.

O presidente argentino, Javier Milei, também celebrou a libertação de Bibas, que, segundo a Embaixada de Israel na Argentina, obteve a cidadania argentina por meio de sua esposa. Os dois filhos pequenos do casal, acrescentou, também são argentinos. Axel Wahnish, o embaixador da Argentina em Israel, disse que as autoridades argentinas acompanharam de perto a libertação de Bibas e elogiou Milei por suas condenações ao Hamas, destacando que a postura do líder argentino contrasta com o “silêncio de alguns líderes do mundo livre”.

Outro refém libertado neste sábado, Ofer Kalderon foi sequestrado no kibutz Nir Oz junto de seus filhos Sahar, então com 16 anos, e Erez, de 12, que foram libertados durante um cessar-fogo de uma semana em novembro de 2023. Na invasão do kibutz Nir Oz, mais de 100 moradores e cerca de 15 trabalhadores agrícolas estrangeiros foram mortos. Ao reencontrar seus filhos, Kalderon brincou: “o arbusto onde estávamos escondidos não era bom, eles (do Hamas) nos descobriram”. Os jovens riram, e sua filha mais velha, Gaia, foi ouvida dizendo:

— É isso, acabou, pai. Você está conosco. Nós não desistimos. Todo mundo está bem, pai, todo mundo está vivo.

O presidente da França, Emmanuel Macron, declarou que o país “compartilha o alívio e a alegria” pelo retorno de Kalderon após 483 dias de “inferno inimaginável”, acrescentando que as autoridades francesas continuarão fazendo o possível para garantir a libertação de Ohad Yahalomi, 50, outro refém franco-israelense que ainda está em Gaza.

Bibas e Kalderon foram entregues a representantes da Cruz Vermelha na cidade de Khan Younis, perto da casa do falecido líder do Hamas Yahya Sinwar. Já o refém americano-israelense Keith Siegel, que apareceu pálido e magro, foi libertado mais tarde neste sábado na destruída Cidade de Gaza, ao norte. Nascido na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, Siegel foi sequestrado junto da esposa, Aviva, no kibutz Kfar Aza. Ela foi libertada também durante a trégua de novembro de 2023.

Prisioneiros palestinos

As entregas dos reféns neste sábado ocorreram de forma rápida e organizada, em contraste com as cenas caóticas de quinta-feira, quando membros armados do Hamas pareceram ter dificuldade para conter a multidão durante a soltura dos oito reféns libertados.

Neste sábado, homens armados se posicionaram em fila enquanto os reféns caminhavam até um palco, acenavam e, em seguida, eram levados pela Cruz Vermelha. Com essas solturas, chega a 18 o número de reféns libertados desde o início do cessar-fogo, em 19 de janeiro.

Pouco depois da chegada dos ex-reféns a Israel, 183 prisioneiros palestinos foram soltos de prisões israelenses. A maioria deles, incluindo 111 detidos após o ataque do Hamas em 7 de outubro, foi enviada para Gaza.

Algumas dezenas retornaram para multidões que os aguardavam na Cisjordânia ocupada, enquanto outros sete, que cumpriam penas de prisão perpétua por crimes mais graves, foram transferidos para o Egito. Todos os 111 fazem parte de um grupo de mil detidos que, segundo o Hamas, Israel concordou em libertar durante a primeira fase da trégua.

Também neste sábado, a passagem de Rafah, que liga Gaza ao Egito, foi reaberta pela primeira vez desde maio, quando foi fechada após o início das operações terrestres das Forças Armadas do Estado judeu em Rafah. A reabertura faz parte dos acordos em vigor, e a passagem começará a ser operada por palestinos e membros da Missão de Assistência de Fronteira da União Europeia para Rafah (EUBAM Rafah, em inglês), retomando um arranjo de curta duração assinado em 2005.

Além disso, Israel concordou em permitir que ao menos 50 pessoas que precisam de atendimento médico de urgência cruzem diariamente de Gaza para o Egito, cada um com até três acompanhantes.

Com a abertura prevista para durar até o fim da primeira fase do cessar-fogo, com prazo de 42 dias, espera-se que pelo menos 200 palestinos deixem Gaza sob este acordo. Neste sábado, dois ônibus com o primeiro grupo de crianças palestinas feridas e doentes partiram dos hospitais Nasser e Europeu, em Khan Younis, em direção ao território egípcio.

Na quinta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu a retirada imediata das 2,5 mil crianças após reunião com médicos americanos que trabalharam como voluntários em Gaza e que afirmaram que esses menores correm risco iminente de morte nas próximas semanas.

Nas redes sociais, Guterres disse ter ficado “profundamente comovido” com a situação, acrescentando que as crianças devem poder sair do enclave “com a garantia de que poderão retornar às suas famílias e comunidades” após o tratamento médico necessário.

O cessar-fogo visa encerrar a guerra mais mortal e destrutiva já travada entre Israel e o Hamas. O acordo, que está em vigor há duas semanas (de um total de seis), permitiu o aumento da entrada de ajuda humanitária no enclave e possibilitou que centenas de milhares de palestinos retornassem ao que restou de suas casas no norte da Faixa de Gaza.

Ao todo, é esperado que 33 reféns israelenses sejam libertados em troca de quase 2 mil prisioneiros palestinos. Segundo o Hamas, oito desses reféns foram mortos em 7 de outubro ou durante o cativeiro.

O ataque do Hamas contra Israel deixou 1,2 mil mortos e 250 sequestrados, entre israelenses e estrangeiros. Desses, 157 foram resgatados na primeira trégua do conflito, em novembro de 2023, ou em operações militares posteriores.

Agora, Israel acredita que cerca de um terço, ou possivelmente até metade, dos cerca de 90 reféns restantes estejam mortos. Entre os 33 cativos mantidos no enclave e que deverão ser libertos neste cessar-fogo, dois foram sequestrados há dez anos.

A segunda — e muito mais difícil — fase do acordo ainda não foi negociada. O Hamas afirma que não libertará os cerca de 60 reféns restantes a menos que Israel encerre a guerra, enquanto Netanyahu insiste que continua comprometido em destruir o grupo palestino e acabar com seu controle de quase 18 anos sobre Gaza. Passados mais de 15 meses de guerra, pelo menos 47 mil palestinos foram mortos, e o território foi amplamente destruído.

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