Visitante deixa flor em homenagem às vítimas do Holocausto em memorial em Jerusalém (Amir Cohen/Reuters)
EFE
Publicado em 24 de abril de 2017 às 09h41.
Jerusalém - Milhões de isralenses paralisaram nesta segunda-feira totalmente suas atividades e as sirenas antiaéreas soaram em todo o país para honrar os seis milhões de judeus mortos pelos nazistas na comemoração de hoje do Dia de Lembrança ao Holocausto.
Minutos antes das 10h local (4h, em Brasília), os motoristas pararam seus veículos, tanto nas cidades como nas estradas, dos quais saíram, ficando de pé em respeito aos mortos e a determinação de manter viva a memória para que algo assim jamais aconteça novamente.
Os pedestres também deixaram de caminhar e fizeram dois minutos de silêncio, muitos deles visivelmente emocionados por uma lembrança tão dolorosa.
"Hoje estamos relembrando as vítimas do Holocausto. Para o tráfego, as pessoas deixam de fazer suas coisas. É importante não esquecer para que não volte a ocorrer. É um momento de muito sentimento, que te toca a alma e o espírito", apontou à Agência Efe a colombiana Estella Gutiérrez após manter dois minutos de silêncio de pé.
"Lembra as vítimas, as tragédias e toda a perversidade que podemos ter quando não conhecemos a palavra do Senhor", acrescentou esta jovem judia que acaba de se mudar para Israel.
Para confirmar que a nação não esquece e nem esquecerá, foram lidos nesta manhã no Parlamento israelense os nomes de dezenas de vítimas na cerimônia "Para cada pessoa há um nome", que é realizada há 28 anos e que foi liderada pelo presidente da Câmara, Yuli Edelstein, que acendeu uma vela comemorativa na entrada do edifício oficial e leu salmos de lembrança.
No Museu do Holocausto de Jerusalém (Yad Vashem), foi colocada uma oferenda de flores no monumento do Levante do Gueto de Varsóvia, em um ato no qual participaram, entre outros, o presidente do país, Reuven Rivlin; o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e membros das principais instituições do Estado e do corpo diplomático.
O ministro de Exteriores austríaco, Christian Kern, que realiza uma visita oficial no país, também participou do evento e em seu encontro com Rivlin, ontem, apontou que sua mãe ajudou um casal judeu em Viena a se esconder dos nazistas.
"Minha avó trabalhava em casa de uma família judia em Viena e quando os nazistas chegaram ao poder, tiveram que se esconder. Minha mãe, com 11 anos então, levava comida e bebida todos os dias, até que encontrou homens da Gestapo na entrada do esconderijo", apontou, segundo publicou hoje o site "Ynet".
Kern pediu que um aumento dos esforços para manter viva a memória, "não só para honrar as vítimas, mas também por nós, para que a próxima geração "defina em que sociedade quer viver", acrescentou.
Rivlin, por sua vez, disse que "o antissemitismo e o fascismo não desapareceram, nem na Áustria e nem na Europa", mas apreciou as palavras de Kern "contra a intolerância e o ódio".
Ao longo do dia serão realizadas milhares de cerimônias e a Escola Internacional de Estudos do Holocausto do Yad Vashen receberá grupos de israelenses e de estrangeiros e celebrará concertos e exposições em torno do genocídio.
A organização Zikaron Basalon (Memórias no Salão) fará encontros com sobreviventes que narram suas vivências durante a Segunda Guerra Mundial.
Na Polônia, ocorrerá a Marcha dos Vivos, na qual participarão sobreviventes da tragédia junto a mais de 10 mil jovens de todo o mundo, que caminharão pelos três quilômetros que separam os campos de extermínio nazista de Auschwitz e Birkenau, como um gesto silencioso em honra aos que morreram.