Mundo

Ativista palestina e jornalista da Al Jazeera são detidas em Jerusalém

A jovem ativista de 23 anos e seu irmão lideram campanhas nas redes sociais para chamar a atenção do mundo para a situação das famílias palestinas

A militante palestina Mona el-Kurd, em 29 de maio de 2021, em Jerusalém Oriental (Hiba ASLAN/AFP)

A militante palestina Mona el-Kurd, em 29 de maio de 2021, em Jerusalém Oriental (Hiba ASLAN/AFP)

A

AFP

Publicado em 6 de junho de 2021 às 14h58.

Uma jovem ativista no centro de uma campanha nas redes sociais para impedir o possível despejo de famílias palestinas do distrito de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, foi presa neste domingo (6) pela polícia israelense, um dia após a violenta prisão de uma jornalista da rede Al Jazeera.

  • Acompanhe as principais notícias e análises sobre a política dos EUA. Assine a EXAME.

Esta manhã, Mona el-Kurd, de 23 anos, foi "levada para a delegacia" em Jerusalém, informou seu pai à AFP, o que imediatamente gerou protestos nos círculos palestinos e nas redes sociais.

Nas imagens da detenção, veiculadas pela família nas redes sociais, a jovem é algemada por vários integrantes das unidades de "guardas de fronteira" israelenses.

Seu irmão gêmeo, Mohammed, estrela da causa palestina com mais de 550.000 seguidores no Instagram e 180.000 outros no Twitter, estava ausente no momento da prisão, mas recebeu uma intimação e compareceu à tarde em uma delegacia de polícia em Jerusalém Oriental, a parte da Cidade Santa anexada por Israel.

Nasser Odeh, o advogado da família, confirmou que a polícia prendeu Mona el-Kurd por "perturbar a ordem pública", incluindo participação em "motins", e disse que seu irmão ainda estava sob investigação.

Contactada pela AFP, a polícia não comentou imediatamente as detenções.

Segundo o pai dos dois militantes, esta detenção "faz parte de uma operação que visa aterrorizar os pais e silenciar as vozes dos jovens que se levantaram no bairro".

Mona e Mohammed el-Kurd lideram diariamente em inglês e árabe uma intensa campanha nas redes sociais em torno da palavra-chave #SheikhJarrah, a fim de chamar a atenção do mundo para a situação das famílias palestinas ameaçadas de despejo ou já expulsas de suas casas em benefício de colonos israelenses.

De acordo com a lei israelense, se os judeus puderem provar que sua família vivia em Jerusalém Oriental antes da guerra árabe-israelense de 1948, que começou com a criação do Estado de Israel, eles podem pedir seu "direitos de propriedade". No entanto, não existe tal lei para os palestinos que perderam suas propriedades durante a guerra ou que tiveram que fugir.

Na noite de sábado, a correspondente da Al Jazeera Givara Budeiri também foi detida por várias horas pela polícia israelense enquanto cobria manifestações neste bairro, informou o canal do Catar em nota, acrescentando que o equipamento do cinegrafista que a acompanhava foi destruído.

A repórter, que usava um colete à prova de balas com a palavra "imprensa" no momento de sua prisão, disse que foi libertada sob a condição de não retornar ao bairro de Sheikh Jarrah nos próximos 15 dias.

"A intimidação sistemática de nossos jornalistas é uma violação completa das convenções internacionais", reagiu o diretor-geral interino do canal, Mostefa Souag.

Nas últimas semanas, vários jornalistas, incluindo um fotógrafo da AFP, relataram violência contra a imprensa em Jerusalém Oriental.

No dia 15 de maio, o prédio que abrigava os escritórios da Al Jazeera e da agência de notícias americana Associated Press (AP) foi destruído em um ataque do Exército israelense, que havia solicitado a evacuação do prédio pouco antes dos bombardeios.

Um conflito de 11 dias em maio entre Hamas e Israel eclodiu após o disparo de foguetes pelo movimento palestino contra Israel, em solidariedade às centenas de manifestantes palestinos feridos em confrontos com a polícia em Sheikh Jarrah e na Esplanada das Mesquitas, o terceiro local mais sagrado no Islã, em Jerusalém Oriental.

Acompanhe tudo sobre:IsraelJerusalémJornalistasPalestina

Mais de Mundo

Rússia ataca sistema energético da Ucrânia com mais de 40 mísseis

Ucrânia declara alerta aéreo em todo país por ameaça de ataque russo com mísseis

Presidente deposto da Coreia do Sul é preso e fica em silêncio durante interrogatório

Califórnia enfrenta novo incêndio em meio a alerta de ventos fortes