Faixa de Gaza: na segunda-feira, soldados israelenses enviados para região mataram 59 palestinos que participavam de uma manifestação (Mohammed Salem/Reuters)
AFP
Publicado em 18 de maio de 2018 às 17h15.
As Forças Armadas israelenses negaram na sexta-feira (18) que gases lacrimogêneos usados por seus soldados nos distúrbios sangrentos desta semana na fronteira com a Faixa de Gaza tenham causado a morte de uma bebê palestina, como dizem o ministério da Saúde de Gaza e a família da criança.
Militares israelenses fundamentam sua posição com base em informações de um médico palestino que conhecia a menina e sua família e segundo o qual a criança sofria de um problema cardíaco, disse um porta-voz, tenente-coronel Jonathan Conricus, que não informou a identidade do médico, sua relação com a família ou as condições em que os israelenses colheram seu testemunho.
Conricus denunciou "um novo exemplo de fabricação" de fatos por parte do movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
"Temos informações de que a bebê sofria de um problema cardíaco e que foi muito provavelmente o que causou a sua morte", declarou à AFP, acrescentando que estas informações foram dadas por um médico palestino anônimo.
O ministério da Saúde de Gaza, interrogado nesta sexta, manteve que a menina de oito meses morreu vítima de gases lacrimogêneos, e acrescentou que esperava os resultados do médico legista para saber se sofria de alguma doença.
"Concluímos que a bebê morreu vítima dos gases israelenses", repetiu na sexta-feira Ashrad al Qodra, porta-voz do ministério da Saúde.
"Sofria de uma doença? Esperamos que o médico legista conclua o informe, que poderia ser no domingo", disse à AFP.
A morte de Leila al Ghandur, anunciada na terça, provocou profunda emoção. Na segunda-feira, soldados israelenses enviados para a fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza mataram 59 palestinos que participavam de uma manifestação multitudinária contra a transferência da embaixada americana de Tel Aviv a Jerusalém.
Segundo o ministério local, a menina, sepultada na terça-feira, morreu após inalar bombas de gás disparadas pelos soldados israelenses.
Sua família acusa o exército israelense de "tê-la matado", sem evocar as circunstâncias nas quais uma criança desta idade estava no meio dos distúrbios.
Segundo a família de Leila al Ghandur, sua mãe, de 17 anos, havia deixado a filha com um de seus irmãos porque tinha consulta com o dentista, e foi um dos irmãos que levou a menina à fronteira para se reunir com outros membros da família.