Familiares de Raed al-Atar, um dos três comandantes do Hamas mortos por ataques israelenses, lamentam sua morte, em um funeral em Rafah (Mahmud Hams/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2014 às 15h52.
Rafah - Israel infligiu um duro golpe no movimento islamita palestino Hamas nesta quinta-feira na Faixa de Gaza, ao matar três comandantes do grupo armado.
No total, pelo menos 27 palestinos, incluindo várias crianças, foram mortos e dezenas ficaram feridos nesta quinta-feira em ataques israelenses no território palestino, onde as hostilidades foram retomadas na terça, após um cessar-fogo de nove dias, segundo os serviços de emergência.
Mohammed Abu Chamala e Raed al-Atar "estavam na lista de cinco terroristas do Hamas mais procurados em Gaza", declarou à AFP um porta-voz do Shin Bet, o serviço de inteligência interna de Israel.
Os dois chefes das Brigadas Ezzedin al-Qassam, assim como Mohammed Barhum, também apresentado como um líder do braço armado do Hamas, foram mortos em Rafah, em um ataque da aviação coordenado com a inteligência israelense.
O ataque deixou pelo menos quatro mortos em Rafah, cidade do sul do território, perto da fronteira com o Egito, uma das áreas mais devastadas pela guerra.
O bombardeio reduziu a ruínas o prédio em que as vítimas estavam. De acordo com testemunhas no local, os israelenses dispararam pelo menos nove mísseis na operação.
Funeral tenso
Mohammed Abu Chamala, comandante para o sul de Gaza, e Raed al-Atar eram caçados por seu envolvimento no sequestro do soldado Gilad Shalit em 2006 -libertado em 2011- e pela morte de três soldados em Rafah no dia 1º agosto.
O Exército atacou Rafah e seus arredores com dezenas de mísseis após a morte desses três soldados durante uma operação para destruir túneis.
Raed al-Atar era considerado o principal engenheiro do sofisticado sistema de túneis subterrâneos utilizados pelo Hamas para ataques.
Milhares de simpatizantes do Hamas acompanharam o funeral dos três homens.
Eles foram mortos depois da operação lançada na terça-feira para matar o líder das Brigadas Al-Qassam, Mohammed Deif. Sua esposa e seu filho de sete meses foram sepultados nesta quarta. Outro filho de Deif, a menina Sara, de 3 anos, foi retirada dos escombros sem vida nesta quinta-feira, de acordo com os serviços de emergência.
O paradeiro do líder militar é incerto. Seu grupo garante que ele está vivo.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, evitou confirmar ou negar se Mohammed Deif havia sido alvo de um ataque e muito menos se havia escapado pela sexta vez de uma tentativa de eliminação. Mas ele afirmou que "os líderes das organizações terroristas são alvos legítimos".
'Israel deve pagar o preço'
Ele também insistiu no fato de que Israel vai manter suas operações pelo tempo necessário. Dez mil reservistas foram convocados nesta quinta-feira, segundo a imprensa.
"O assassinato dos líderes das Brigadas Ezzedine al-Qassam é um crime que não vai abalar a nossa determinação, nem enfraquecer nossa resistência, mas Israel vai pagar o preço", advertiu um porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri.
Pelo menos 2.078 pessoas foram mortas em Gaza desde que Israel lançou sua operação. Destas, 61 morreram depois do fim do cessar-fogo e do fracasso nas negociações indiretas entre israelenses e palestinos no Cairo, na terça-feira.
Na Cidade de Gaza, quatro homens foram mortos durante um funeral. Mas o Exército israelense afirmou que seu alvo eram combatentes palestinos que tentavam disparar foguetes a partir de um cemitério.
Israel registrou 283 foguetes disparados a partir de Gaza desde terça-feira, sem relatos de vítimas. No total, 64 soldados e três civis morreram do lado israelense desde o início do conflito.
O braço armado do Hamas palestino fez na noite de quarta-feira uma advertência às companhias aéreas estrangeiras com voos no aeroporto Ben-Gurion de Tel Aviv.
Nenhum foguete foi disparado em direção à região do aeroporto na manhã desta quinta-feira, indicou uma porta-voz do Exército à AFP. Ainda assim, a companhia egípcia Air Sinaï decidiu cancelar seus voos programados para hoje.
Entre a sede de vingança do Hamas e a recusa israelense em negociar "debaixo de bombas", as negociações abortadas no Cairo não resultaram em nenhum avanço para a paz.
O emir do Qatar, xeque Tamim Bin Hamad al-Thani, que apoia o Hamas, reuniu em Doha Khaled Meshaal, o líder exilado do Hamas, e o presidente palestino, Mahmud Abbas, para consultas após o fim da trégua.