Coluna de fumaça na cidade de Rafah, na Faixa de Gaza, após bombardeio do Exército israelense em 3 de fevereiro de 2024 (Adel ZAANOUN com Didier LAURAS em Jerusalém/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 4 de fevereiro de 2024 às 13h35.
Dezenas de pessoas morreram neste domingo (4) em ataques israelenses na Faixa de Gaza, enquanto o movimento palestino Hamas afirma estar estudando uma proposta de trégua em sua guerra com Israel.
O Ministério da Saúde do Hamas informou que pelo menos 92 pessoas morreram durante a noite. Um ataque israelense atingiu uma creche em Rafah, no sul do território, onde se refugiavam pessoas que fugiram dos combates, segundo a assessoria de imprensa do governo do movimento islamista.
Segundo um jornalista da AFP, o Exército israelense continuou bombardeando a cidade de Khan Yunis, no sul, agora parcialmente destruída, e onde Israel afirma que os líderes do Hamas estão escondidos.
Os bombardeios também afetaram Rafah, mais ao sul, segundo a mesma fonte, enquanto crescem os temores sobre uma possível ofensiva militar contra essa cidade superpopulosa, junto à agora fechada fronteira com o Egito.
Nessa cidade de 200 mil habitantes, mais de um milhão de palestinos deslocados se encontram agora aglomerados em abrigos e precários acampamentos, ameaçados pela escassez e pelas epidemias.
- "Exaustos" -
A guerra foi deflagrada por um ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro em solo israelense, que deixou mais de 1.160 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva militar que até agora deixou 27.365 mortos, a grande maioria civis, de acordo com o último balanço do Ministério da Saúde do movimento islamista.
No domingo, o Exército israelense anunciou a morte de um militar, elevando para 225 o número de seus soldados mortos em Gaza.
A guerra provocou o êxodo da população e, segundo a ONU, mais de 1,3 milhão de habitantes, de um total de 2,4 milhões, encontram-se agora refugiados em Rafah.
"Queremos que essa guerra acabe porque estamos exaustos. Esperamos voltar para casa, mesmo que nossas casas estejam em ruínas", afirma Abdelsalam Abu Al Shaar, que fugiu da cidade de Gaza, no norte do território.
"Somos civis indefesos. Por que estão bombardeando todo mundo?", pergunta ele.
Lançada em 27 de outubro no norte do enclave, a ofensiva terrestre de Israel se estendeu para sul, em dezembro, chegando a Khan Yunis.
Segundo o ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, Rafah é o próximo alvo.
"Chegaremos a Rafah e eliminaremos os elementos terroristas que nos ameaçam", disse ele na quinta-feira.
Na frente diplomática, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, deve chegar hoje ao Oriente Médio para apoiar as negociações sobre uma nova trégua entre Israel e o Hamas. Sua agenda inclui viagens ao Catar, Egito, Israel, Cisjordânia ocupada e Arábia Saudita.
As negociações continuam para alcançar uma segunda trégua, mais longa do que a de uma semana em novembro, que permitiu a libertação de uma centena de reféns detidos em Gaza em troca de palestinos detidos por Israel.
Cerca de 250 pessoas foram sequestradas e levadas para Gaza em 7 de outubro, segundo Israel, e 132 reféns continuam detidos. Destes, 27 foram declarados mortos pelo Exército.
O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, que vive no Catar, deve viajar ao Egito para negociar um rascunho de acordo elaborado por mediadores catarianos, americanos e egípcios.
O acordo prevê uma trégua de seis semanas com a libertação de entre 200 e 300 palestinos detidos em Israel em troca de 35 a 40 reféns, segundo fonte do Hamas, organização considerada "terrorista" por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Em Beirute, um responsável do movimento palestino, Osama Hamdan, disse que é prematuro falar de uma trégua e que há apenas "um acordo-quadro que precisa ser estudado".
O conflito tem consequências na região e há receios de uma escalada.
O porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, disse no sábado que suas forças atacaram "mais de 3.400 alvos" do Hezbollah no sul do Líbano e mataram 200 "terroristas e comandantes" desde outubro.
Síria e Iraque denunciaram os bombardeios lançados pelos Estados Unidos contra grupos pró-Irã em seus territórios, em represália a um ataque a uma base militar americana na Jordânia, em 28 de janeiro, que deixou três soldados mortos.
No Iêmen, os Estados Unidos, principal aliado de Israel, assim como o Reino Unido, anunciaram no sábado bombardeios contra dezenas de alvos, em resposta aos ataques a navios por parte dos rebeldes huthis, apoiados pelo Irã.