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Israel lança ataques aéreos contra Hezbollah no Líbano em meio a trégua

Ao menos duas pessoas foram mortas, incluindo uma menina, e outras oito ficaram feridas, segundo a imprensa estatal libanesa

Fumaça se espalha após ataque aéreo israelense no vilarejo de Sejoud, no sul do Líbano (AFP)

Fumaça se espalha após ataque aéreo israelense no vilarejo de Sejoud, no sul do Líbano (AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 22 de março de 2025 às 10h38.

Última atualização em 22 de março de 2025 às 10h44.

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Israel lançou ataques aéreos contra redutos do Hezbollah no Líbano neste sábado, 22 após interceptar disparos de mísseis vindos daquela região na direção de seu território, em meio a uma trégua entre as duas partes que está em vigor desde novembro. O grupo libanês nega que tenha sido o responsável pelos disparos. Ao menos duas pessoas foram mortas, incluindo uma menina, e outras oito ficaram feridas, segundo a imprensa estatal libanesa.

"O ataque inimigo israelense na cidade de Touline resultou na morte de duas pessoas, incluindo uma menina, e ferimentos em outras oito, incluindo duas crianças”, disse a Agência Nacional de Notícias, citando a unidade de emergência do Ministério da Saúde, segundo a qual o “número preliminar”.

De acordo com o Exército israelense, três foguetes foram lançados do Líbano para o norte de Israel, disparando sirenes de ataque aéreo na região pela primeira vez desde que o cessar-fogo entrou em vigor no final de novembro. Todos os três mísseis foram interceptados e não houve reivindicação imediata de responsabilidade de nenhum grupo.

Em nota, o Hezbollah "negou qualquer envolvimento no lançamento de foguetes do sul do Líbano em direção aos territórios palestinos ocupados", referindo-se a Israel, e afirmou que "as alegações do inimigo israelense são parte dos pretextos para continuar seus ataques contra o Líbano, que não cessaram desde que o cessar-fogo foi anunciado".

Apesar disso, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Betanyahu, ordenou o bombardeio de dezenas de "alvos terroristas" no Líbano.

"Não podemos permitir fogo do Líbano em comunidades da Galileia", disse o Ministro da Defesa Israel Katz, referindo-se a cidades e vilas no norte, muitas das quais foram esvaziadas depois que o Hezbollah começou a atirar em Israel em apoio ao Hamas em outubro de 2023.

"O governo libanês é responsável por ataques de seu território. Ordenei que os militares respondam adequadamente. Prometemos segurança às comunidades da Galileia, e é exatamente isso que vai acontecer".

O chefe das Forças Armadas, Eyal Zamir, afirmou que os militares "responderiam severamente".

"O estado do Líbano tem a responsabilidade de manter o acordo", afirmou, referindo-se ao cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah que foi assinado pelo governo do lado libanês.

Já o primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam, alertou que o país corre o risco de ser arrastado para uma "nova guerra, com consequências desastrosas", após meses de relativa calma. A força de manutenção da paz da ONU no Líbano, Unifil, também manifestou preocupação e disse estar "alarmada com a possível escalada de violência".

"Qualquer nova escalada dessa situação volátil pode ter consequências sérias para a região", ponderou a Unifil. "Pedimos veementemente a todas as partes que evitem colocar em risco o progresso feito, especialmente quando vidas civis e a frágil estabilidade observada nos últimos meses estão em risco."

O presidente libanês, Joseph Aoun, denunciou "a contínua agressão [israelense] contra o Líbano".

A agência de notícias libanesa NNA informou na manhã deste sábado que aeronaves israelenses sobrevoaram o sul do Líbano e que mísseis interceptadores explodiram na área. Tropas israelenses também estão realizando varreduras usando armas automáticas nas colinas de Hamames, acrescentou a agência.

O Exército libanês, por sua vez, anunciou que havia "encontrado três lançadores de foguetes caseiros em uma área ao norte do Rio Litani", a cerca de 30 km da fronteira israelense, e "procedeu a desmontá-los".

Sob os termos do cessar-fogo, Israel deveria se retirar do sul do Líbano, onde apenas o exército libanês e as forças de paz da ONU seriam mobilizados. O Hezbollah, por sua vez, deveria retirar suas forças para o norte do Rio Litani, a cerca de 30 km da fronteira israelense e desmantelar qualquer infraestrutura militar restante no sul. No entanto, Israel realizou repetidos ataques aéreos durante o cessar-fogo que, segundo ele, visavam locais militares do Hezbollah que violavam o acordo.

A escalada da violência na fronteira entre Israel e Líbano neste sábado ocorre quando a nova ofensiva israelense contra o Hamas em Gaza entrou em seu quinto dia. A retomada das operações militares de Israel na terça-feira quebrou a relativa calma que reinava desde o cessar-fogo de 19 de janeiro.

O ministro da defesa de Israel disse na sexta-feira que havia ordenado ao exército que "tomasse mais território em Gaza", que ele anexaria se o Hamas não atendesse às demandas de Israel para os próximos passos no cessar-fogo de Gaza.

— Quanto mais o Hamas se recusar a libertar os reféns, mais território perderá, que será anexado por Israel — disse Katz.

O retorno às operações militares foi coordenado com o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, mas atraiu ampla condenação. O Hamas questionou neste sábado a distorção de Washington sobre sua posição, insistindo que estava pronto para libertar todos os seus reféns restantes como parte de uma segunda etapa prometida do cessar-fogo.

"A alegação de que 'o Hamas escolheu a guerra em vez de libertar os reféns' é uma distorção dos fatos", disse o grupo.

Quando a primeira etapa do cessar-fogo expirou no início deste mês, Israel rejeitou as negociações para a segunda etapa prometida, pedindo, em vez disso, o retorno de todos os seus reféns restantes sob uma primeira etapa estendida. Isso significaria atrasar as negociações sobre um cessar-fogo duradouro, e foi rejeitado pelo Hamas como uma tentativa de renegociar o acordo original.

Quando a guerra entre Israel e o Hamas em Gaza começou, o Hezbollah era um ator fundamental na política libanesa e o movimento mais poderoso do país. Mas em setembro de 2024, a troca de tiros entre o Hezbollah e Israel se transformou em guerra aberta com bombardeios massivos no Líbano. O movimento xiita emergiu muito enfraquecido do conflito de dois meses, e sua liderança foi amplamente dizimada.

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