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Israel e Hezbollah intensificam ataques e conflito pode chegar a nova fase

País e grupo armado têm trocado ataques desde à noite da última quinta-feira (19); Conselho de Segurança da ONU terá reunião de emergência

Israel bombardeia o sul do Líbano desde à noite da última quinta-feira; Hezbollah respondeu e exército de Israel pediu 'cautela' aos cidadãos. (AFP/AFP)

Israel bombardeia o sul do Líbano desde à noite da última quinta-feira; Hezbollah respondeu e exército de Israel pediu 'cautela' aos cidadãos. (AFP/AFP)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 20 de setembro de 2024 às 06h54.

Última atualização em 20 de setembro de 2024 às 08h15.

Israel realiza desde à noite de quinta-feira, 19, uma sequência de bombardeios intensos ao sul do Líbano, aumentando a escalada do conflito com o grupo armado Hezbollah, que respondeu aos ataques no norte de Israel. As informações são da Reuters. O conflito ganhou novos contornos com os recentes ataques, atribuídos a Israel, que explodiram equipamentos de comunicação do Hezbollah, como rádios e pagers, matando quase 40 pessoas e ferindo cerca de 3 mil no Líbano.

Nas operações desta quinta-feira, Israel informou que seus aviões de combate atingiram centenas de lançadores de foguetes no sul do Líbano, que estavam prontos para serem disparados contra o território israelense. Temendo um contra-ataques mais forte do grupo armado, a rádio israelense informou que os residentes de várias cidades no norte de Israel foram instruídos pelo Comando da Frente Interna do exército a permanecerem próximos aos seus abrigos.

Os primeiros bombardeios israelenses, que duraram mais de duas horas e envolveram mais de 52 ataques, ocorreram a partir das 21h (horário local) e continuaram pela manhã. Os bombardeios foram descritos como os mais intensos desde o início do conflito em outubro, segundo a agência de notícias estatal libanesa NNA. Fontes de segurança libanesas confirmaram que esses ataques foram os mais severos dos últimos meses. Fontes de segurança no Líbano informaram que quatro pessoas ficaram feridas no intenso bombardeio de Israel na quinta-feira.

Em resposta aos ataques, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, declarou que as explosões dos dispositivos de comunicação ultrapassaram todos os limites, acusando Israel de crime e de uma declaração de guerra. Embora Israel não tenha comentado diretamente as explosões dos equipamentos, fontes de segurança sugerem que a Mossad, agência de inteligência israelense, está por trás das ações. Na sexta-feira, 20, forças de paz da ONU no Líbano, a UNIFIL, alertaram para a intensificação das hostilidades nas últimas 12 horas, pedindo uma imediata desescalada na fronteira entre os dois países.

O líder do Hezbollah insinuou uma retaliação pelos ataques, mas não está claro qual a capacidade do grupo se muitos de seus membros estão feridos e os métodos de comunicação essenciais não são mais confiáveis. Apesar de parecer enfraquecido, o Hezbollah ainda é considerado o grupo armado não estatal mais fortemente armado do mundo, com um arsenal cada vez mais sofisticado, capaz de causar danos significativos a Israel.

Ação israelense

Enquanto os bombardeios aumentavam, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, pediu ao Conselho de Segurança da ONU que tomasse uma posição firme para interromper o que chamou de "agressão israelense". O Conselho de Segurança está programado para se reunir nesta sexta-feira, 20, para discutir o conflito.

Nos Estados Unidos, a Casa Branca demonstrou preocupação com o risco de escalada do conflito e destacou a urgência de uma solução diplomática. O porta-voz do governo norte-americano, Karine Jean-Pierre, afirmou que há um temor crescente de que o conflito possa se expandir. O Reino Unido também pediu um cessar-fogo imediato entre Israel e o Hezbollah, temendo um agravamento da situação.

Os ataques de quinta-feira fazem parte de uma nova fase do conflito, com Israel prometendo continuar suas ações militares contra o Hezbollah. O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou que o Hezbollah está sendo perseguido pelas operações militares e que, com o tempo, o grupo pagará um preço cada vez mais alto.

Reação internacional

O conflito entre Israel e Hezbollah, que se intensificou após o ataque transfronteiriço realizado pelo grupo palestino Hamas em 7 de outubro de 2023, levou à evacuação de dezenas de milhares de pessoas na área da fronteira entre Israel e Líbano. Desde então, as trocas de tiros entre as duas partes têm sido frequentes, mas ambos os lados evitaram uma escalada para uma guerra em grande escala.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em visita a Paris, também pediu contenção e afirmou que não deseja ver ações que dificultem a negociação de um cessar-fogo em Gaza, onde Israel está em guerra com o Hamas, aliado do Hezbollah. O Irã, que apoia ambos os grupos, reafirmou seu compromisso com a "resistência" e alertou Israel sobre uma resposta esmagadora.

O temor de um conflito mais amplo na região também cresce. O comandante da Guarda Revolucionária do Irã, Hossein Salami, garantiu ao líder do Hezbollah que Israel enfrentaria uma forte resposta do "eixo da resistência", aludindo a uma coalizão de grupos militantes apoiados pelo Irã, que inclui o Hezbollah, os houthis no Iêmen, o Hamas e facções armadas no Iraque e na Síria.

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