Israel-Hamas: A ofensiva dos milicianos do Hamas deixou quase 1.200 mortos (Adel ZAANOUN con Jonah MANDEL en Jerusalén/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 14 de dezembro de 2023 às 12h26.
Israel intensificou nesta quinta-feira, 14, os bombardeios na Faixa de Gaza, apesar dos indícios de impaciência do governo dos Estados Unidos, seu principal aliado, que enviou um funcionário de alto escalão da Casa Branca a Jerusalém.
A guerra, desencadeada pelos ataques de 7 de outubro do movimento islamista palestino Hamas contra Israel, já provocou milhares de mortes.
A ofensiva dos milicianos do Hamas deixou quase 1.200 mortos, a maioria civis, segundo as autoridades israelenses.
A resposta de Israel provocou mais de 18.600 mortes, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde do território palestino governado pelo Hamas.
Segundo o ministério, os bombardeios israelenses na manhã desta quinta-feira mataram pelo menos 19 pessoas na Faixa de Gaza.
Na Cisjordânia, que também sofre um aumento da violência desde 7 de outubro, a Autoridade Palestina informou que duas pessoas morreram nos ataques israelenses contra a cidade de Jenin.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, cujo governo forneceu bilhões de dólares em ajuda militar a Israel, advertiu na quarta-feira que o "bombardeio indiscriminado" contra Gaza enfraquece o apoio internacional ao país.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que lidera um governo integrado por partidos ultraortodoxos e de estrema direita, respondeu: "Continuaremos até o fim. Não há nenhuma dúvida. Digo isso com grande dor, mas também à luz da pressão internacional. Nada irá nos deter. Iremos até o fim, até a vitória".
O ministro das Relações Exteriores, Eli Cohen, destacou que a guerra contra o Hamas continuará "com ou sem apoio internacional".
O conselheiro de Segurança Nacional de Biden, Jake Sullivan, se reunirá nesta quinta-feira em Jerusalém com Netanyahu e seu gabinete de guerra.
Antes da viagem, Sullivan declarou em um evento do Wall Street Journal que discutirá um calendário para o fim da guerra e que pretende pedir às autoridades israelenses para "avançar a uma fase diferente das operações de alta intensidade que vemos hoje".
Ele terá "conversas extremamente sérias" em Israel, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby.
Netanyahu admitiu "divergências" com Washington sobre como Gaza será administrada depois do conflito.
O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, declarou na quarta-feira que "qualquer discussão sobre Gaza ou a causa palestina sem a presença do Hamas, ou das facções da resistência, será uma ilusão".
Também disse que o Hamas está preparado para negociações que levem a um "caminho político que assegure o direito do povo palestino a um Estado independente com Jerusalém como sua capital".
Uma pesquisa publicada na quarta-feira pelo Centro Palestino de Pesquisas Políticas mostrou que Haniyeh tem o apoio de 78% dos habitantes dos territórios palestinos, contra 58% antes da guerra.
Além da pressão americana, a Assembleia Geral da ONU aprovou por grande maioria esta semana um texto não vinculante que pede um cessar-fogo, mas os Estados Unidos votaram contra.
O diretor da agência da ONU para os refugiados palestinos, Philippe Lazzarini, afirmou na quarta-feira que os moradores de Gaza enfrentam o "capítulo mais sombrio de sua história".
A ONU calcula que 1,9 milhão dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados e estão morando em barracas. Eles enfrentam a escassez de alimentos, água potável, remédios e combustível.
A cidade de Rafah, no sul e perto da fronteira com o Egito, virou um grande campo de deslocados, com centenas de barracas.
"Passamos cinco dias a céu aberto e agora a chuva inundou as barracas", disse Bilal al-Qasas. Rajadas de vento sacodem as frágeis estruturas que as pessoas tentam reforçar com plástico.
"Para onde devemos migrar? Acabou a nossa dignidade?", questiona Al Qasas.
A ONU fez um alerta sobre a propagação de doenças e o sistema hospitalar de Gaza está em ruínas. As autoridades do Hamas afirmam que o território ficará sem vacinas infantis e teme consequências "catastróficas".
O Exército israelense enfrenta uma pressão crescente para reduzir as mortes em suas fileiras e conseguir libertar os reféns sob poder do Hamas.
Desde o início da ofensiva terrestre, 115 soldados morreram em Gaza. Nos ataques de 7 de outubro, o Hamas sequestrou quase 240 reféns. Dezenas foram liberados durante uma trégua de uma semana em novembro e alguns morreram.
A embaixada israelense na Romênia anunciou na quarta-feira a morte do refém romeno-israelense Tal Haimi, de 41 anos.