Repórter
Publicado em 25 de novembro de 2024 às 07h06.
Última atualização em 25 de novembro de 2024 às 13h56.
Israel e Hezbollah estão a poucos dias de distância de firmar um acordo de cessar-fogo, disse o embaixador israelense nos Estados Unidos, Michael Herzog à Rádio do Exército de Israel nesta segunda-feira, 25. "Estamos perto de um acordo. Pode acontecer em poucos dias" , disse a autoridade. A informação é da Agência Bloomberg.
A declaração acontece dias após Amos Hochstein, um enviado da Casa Branca para o Oriente Médio, viajar para o Líbano e Israel na semana passada para tentar finalizar a trégua entre os dois lados antes de Donald Trump assumir a presidência em 20 de janeiro de 2025.
O texto proposto pelos EUA fala sobre a suspensão inicial de 60 dias dos ataques, durante a qual os combatentes do Hezbollah se moveriam para o norte do Rio Litani, a cerca de 30 quilômetros da fronteira israelense.
Ainda de acordo com a Bloomberg, entre as demandas de Israel para esse cessar-fogo, está a exigência que o exército libanês, que é separado do Hezbollah, se desloque para o sul do Líbano, reforçando um contingente de forças de paz das Nações Unidas e ajudando a garantir que o grupo militante não opere lá. O governo israelense também quer o direito de retomar os ataques no Líbano em caso de infrações do grupo xiita, mas o governo libanês e o Hezbollah rejeitaram essa demanda.
De acordo com a Rádio do Exército de Israel, assim que o governo israelense do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu assinar a trégua, Washington a levará para Beirute, onde autoridades do governo estão atuando como intermediárias para o Hezbollah. Também na semana passada, um dos principais aliados políticos do Hezbollah, o presidente da Câmara libanesa Nabih Berri, disse que houve progresso, mas ainda havia "detalhes técnicos" a serem resolvidos.
Para a Agência EFE, uma fonte corroborou com a declaração de Herzog, dizendo que a trégua entre os dois lados está “mais perto do que nunca”, depois de o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ter aceitado “em princípio” a proposta dos Estados Unidos.
“Foram feitos progressos muito significativos”, disse a fonte sobre a proposta que o mediador americano Amos Hochstein apresentou a ambos os lados na semana passada durante uma viagem à região.
A proposta levada em consideração até o momento inclui três etapas: uma trégua seguida pelo deslocamento das forças do Hezbollah ao norte do rio Litani; uma retirada completa das tropas israelenses do sul do Líbano e, finalmente, negociações entre Israel e o Líbano sobre a demarcação da sua fronteira, que é atualmente uma linha divisória estabelecida pela ONU após a guerra de 2006.
Netanyahu reuniu-se ontem à noite com alguns ministros e autoridades de segurança para abordar a proposta do enviado da administração Joe Biden, e decidiram aceitá-la “em princípio”, mas com “algumas reservas”.
A fonte explicou à EFE que estas reservas têm a ver com a “liberdade de ação” que Israel exige para poder empreender ações militares dentro do Líbano se o Hezbollah quebrar os termos do cessar-fogo e as tropas libanesas - que devem assumir o controle da fronteira - não agirem, algo que o Líbano e o grupo xiita rejeitam abertamente.
No entanto, a questão pode ser resolvida se for expressada no documento de uma forma “mais vaga”, considerou a fonte, enquanto alguns meios de comunicação israelenses relataram hoje que outra alternativa que agrada a Israel é uma carta de compromisso de Washington.
O acordo contempla também a criação de uma organização internacional chefiada pelos Estados Unidos, que será responsável por supervisionar o cumprimento do cessar-fogo, na qual também estarão envolvidos o Reino Unido, a Alemanha e a França.
A inclusão da França, potência ocidental com forte influência no Líbano, neste órgão de supervisão contribuiu para desbloquear as negociações.
Israel se opunha ao envolvimento da França desde outubro, quando o presidente Emmanuel Macron sugeriu um embargo de armas a Israel, fazendo o então ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz – agora titular da Defesa – ameaçá-lo com “medidas legais e ações diplomáticas” que não se concretizaram.
“Estamos caminhando para um acordo, mas ainda há questões a resolver”, declarou também hoje o porta-voz do governo israelense, David Mencer, sem dar mais detalhes na sua coletiva de imprensa diária.
Na semana passada, o mediador dos EUA, Amos Hochstein, também disse em Beirute que houve "progresso significativo" no sentido de uma trégua, antes de viajar para Israel.
No entanto, as hostilidades entre a milícia e o Exército israelense intensificaram-se nos últimos dias. No final de semana, Israel lançou poderosos ataques aéreos contra o país vizinho, incluindo um no centro de Beirute que matou pelo menos 29 pessoas; enquanto o Hezbollah lançou uma de suas maiores ondas de projéteis no domingo, com mais de 250 disparos.
Sobre esta questão, o ministro da Segurança Nacional, o extremista Itamar Ben-Gvir, pronunciou-se hoje e reiterou que Israel deve continuar a guerra até alcançar a “vitória absoluta”, pedindo a Netanyahu que não chegue a um acordo.
Israel e o grupo Hezbollah estão em conflito desde que o grupo xiita começou a atacar o território israelense em outubro do ano passado em solidariedade ao Hamas, grupo no qual os israelenses estão em guerra na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023. Tanto o Hezbollah quanto o Hamas são considerados organizações terroristas pelos EUA e muitos outros países.
No último domingo, 24, o Hezbollah disparou pelo menos 250 foguetes e drones contra Israel, ferindo várias pessoas, e a força aérea israelense atingiu alvos no Líbano.
Nos últimos dois meses, cerca de 2.500 pessoas foram mortas no Líbano por ataques israelenses e pela ofensiva terrestre. Cerca de 50 tropas israelenses foram mortas em combate no sul do Líbano.
Dezenas de milhares de civis foram forçados a se deslocar de ambos os lados da fronteira entre os dois países para escapar dos ataques militares. O gabinete de Netanyahu tornou a permissão do retorno dos israelenses do norte para suas casas uma prioridade, algo que não pode acontecer sem o fim da luta com o Hezbollah.
Inicialmente o Hezbollah disse que não pararia de atacar Israel até que houvesse um cessar-fogo em Gaza, mas suavizou sua posição ao sofrer perdas militares.
"O Hezbollah desistiu dessa demanda, devido à forte surra que levou", disse Zeev Elkin, membro do gabinete de segurança de Israel, à estação de rádio 103 FM de Tel Aviv.