Vieira falou com jornalistas ao final da reunião, que durou cerca de duas horas e meia, dizendo que o Brasil vai continuar trabalhando de perto com todas as delegações (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 13 de outubro de 2023 às 21h48.
Última atualização em 13 de outubro de 2023 às 21h50.
A reunião do Conselho de Segurança da ONU convocada pelo chanceler brasileiro Mauro Vieira terminou sem nenhuma resolução sobre o conflito entre o grupo terrorista Hamas e Israel. O encontro aconteceu nesta sexta-feira, 13, em Nova York, e é a segunda reunião chamada para a situação. Atualmente, o Brasil é presidente rotativo do Conselho de Segurança.
Vieira falou com jornalistas ao final da reunião, que durou cerca de duas horas e meia, dizendo que o Brasil vai continuar trabalhando de perto com todas as delegações visando uma posição conjunta. Era esperado que a reunião desta sexta-feira ainda não trouxesse definições sobre o conflito.
"O Brasil, na presidência do Conselho de Segurança, convocou a reunião de hoje. É a segunda vez que o conselho se reúne na atual situação trágica em Israel e Gaza", afirmou. "Na consulta fechada de hoje, os membros do conselho tiveram um briefing do próprio secretário-geral António Guterres, pessoalmente. No diálogo que se seguiu, os Estados membros tiveram a oportunidade de trocar opiniões no final".
Durante o encontro, a Rússia defendeu um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, e se comprometeu a apresentar um esboço em uma próxima reunião do conselho. As reuniões tentam discutir um texto com uma posição de acordo sobre o conflito - tanto para o fim da guerra quanto para processos de restauração de paz na região.
Vieira afirmou também que foi à ONU para transmitir o pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para "uma ação humanitária multilateral para encerrar o sofrimento de civis envolvidos pelas hostilidades" que estão ocorrendo no conflito. Ele ainda ressaltou o apelo do presidente Lula pela "imediata e incondicional" libertação de civis que foram capturados como reféns pelo Hamas e levados para a Faixa de Gaza.
"O Brasil acredita que o conselho deve agir diante da escalada de violência quase sem precedentes e diante dos desdobramentos dessa catástrofe humana", afirmou o chanceler.
O conselho não conseguiu uma unanimidade para qualquer ação a ser tomada em relação aos ataques. Para ser aprovado, o texto precisa passar por todas as entidades parte do Conselho e não pode ter veto dos membros permanentes do órgão - China, Estados Unidos, Reino Unido, Rússia e França.
Do lado brasileiro, Vieira reiterou que as conversas vão continuar para tentar chegar a um acordo e defendeu que a melhor solução é a criação de dois Estados independentes na região.
"O conselho tem uma responsabilidade crucial em uma resposta tanto para o desdobramento da crise humanitária quanto nos últimos estágios, quando esforços multilaterais intensificados serão necessários para os processos de paz", disse.
Vieria disse que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) pode se reunir novamente para debater uma resolução sobre o conflito entre Israel e o Hamas.
"A Rússia informou ao conselho no final da reunião que está circulando um texto, e esse texto não atende a necessidade de todos os países. Então, no final da reunião, os demais membros pediram ao Brasil, na qualidade de presidente, que fizesse consulta com todos os lados para que chegássemos em uma redação que fosse aceitável por todos", afirmou Vieira. "E pode haver ainda sim convocação de uma nova reunião para aprovar esse novo trecho."
Segundo o chanceler brasileiro, os membros do Conselho de Segurança pediram ainda que Israel conceda mais tempo para que civis deixem a Faixa de Gaza. Vieira afirmou ainda ter conversado mais cedo com seu homólogo israelense, Eli Cohen, sobre o tema. Israel tem se preparado para uma grande operação militar de invasão por terra e, por isso, ordenou a evacuação da região.
"Todos os 15 países-membros do Conselho de Segurança fizeram apelo para que saída (de civis) seja feita da maneira mais ordenada o possível", afirmou Vieira a jornalistas.