Bandeira da Palestina: a ANP teme que no mês que vem Israel possa atrasar novamente o pagamento (Abbas Momani/AFP)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2011 às 12h21.
Jerusalém - Israel entregou à Autoridade Nacional Palestina (ANP) o dinheiro dos impostos que lhe devia e cuja entrega estava suspensa após a assinatura do pacto de reconciliação entre os partidos nacionalista Fatah e islâmico Hamas.
"Recebemos hoje o dinheiro de abril, US$ 105 milhões", confirmou à Agência Efe Ghassan Khatib, porta-voz do governo da ANP liderado pelo primeiro-ministro Salam Fayyad.
Israel suspendeu no início do mês a transferência do dinheiro até que a ANP oferecesse "garantias" de que não chegaria às mãos do Hamas, que em sua carta de fundação ainda contempla a luta armada e a destruição de Israel como princípios básicos.
O Hamas e o Fatah acertaram há duas semanas a formação de um governo de transição, o que despertou a preocupação das autoridades israelenses de que o dinheiro transferido pudesse ser empregado na luta armada.
A decisão de atrasar o pagamento representou um revés econômico para a ANP, incapaz de arcar com os salários de seus 170 mil funcionários na primeira semana do mês, como é de costume.
O Executivo de Fayyad recorreu aos principais governos ocidentais para conseguir o dinheiro, e segundo Khatib a transferência nesta segunda-feira demonstra "o êxito da campanha internacional".
Consultado pela Efe, o porta-voz palestino não soube dizer se o problema estava resolvido de forma permanente ou se no mês que vem a ANP pode encontrar a mesma situação.
Em virtude do protocolo econômico dos Acordos de Oslo de 1995, Israel recolhe para a ANP os impostos e taxas alfandegárias de trabalhadores e mercadorias palestinos que passam por seu território.
Este dinheiro, que anualmente oscila entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão, representa cerca de 35% do orçamento do governo palestino.
Já os 65% restantes, de um orçamento anual em 2011 de cerca de US$ 3,5 bilhões, devem ser financiados por impostos diretos e indiretos recolhidos pela ANP e por doações internacionais. O que não é arrecadado torna-se déficit público, que neste momento é de entre 15% e 20%.