Edifícios destruídos pelo bombardeio israelense, em Rafah, sul da Faixa de Gaza (Agence France-Presse/AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 13 de dezembro de 2023 às 13h39.
Última atualização em 13 de dezembro de 2023 às 13h39.
Israel enfrenta, nesta quarta-feira, 13, uma pressão crescente dos seus aliados pela sua guerra contra o Hamas, e o seu principal apoio, o presidente americano, Joe Biden, criticou o bombardeio "indiscriminado" em Gaza em resposta aos ataques do Hamas em 7 de outubro.
A Assembleia Geral da ONU pediu um "cessar-fogo humanitário imediato em Gaza, em um texto não vinculante aprovado na noite de terça-feira, que evita condenar o movimento islamista palestino Hamas pelo ataque executado contra Israel que deixou 1.200 mortos, segundo as autoridades israelenses".
Israel bombardeia o estreito território palestino em resposta ao ataque lançado pelo Hamas em 7 de outubro, e em 27 de outubro as suas tropas iniciaram uma operação terrestre para cumprir o objetivo de "aniquilar" o movimento islamista, que governa Gaza desde 2007.
O Ministério da Saúde do Hamas afirma que 18.608 pessoas morreram desde o início da ofensiva israelense, a maioria mulheres e crianças com menos de 18 anos de idade.
Na noite de terça-feira, os bombardeios e os confrontos armados continuaram principalmente na cidade de Gaza, em Khan Yunis e Rafah, no sul, indicaram jornalistas da AFP.
O Ministério informou que cerca de 50 pessoas morreram.
Os combatentes do Hamas continuam disparando foguetes, a maioria interceptados, contra Sderot e outras comunidades no sul de Israel.
O Exército afirmou ter atingido uma célula de milicianos na Cidade de Gaza "que estava pronta para lançar foguetes contra Israel".
Segundo os militares, 115 dos seus soldados morreram na guerra, 10 deles na terça-feira. O porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, disse que 135 reféns feitos por combatentes do Hamas no ataque a Israel permanecem em cativeiro em Gaza.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, informou na terça-feira, após uma conversa com o presidente americano, Joe Biden, que Israel recebeu o "total apoio" dos Estados Unidos, mas admitiu que há "desacordo" entre os aliados sobre como Gaza será governada após o conflito.
Segundo Biden, Israel começa a perder apoio internacional "devido aos bombardeios indiscriminados" em Gaza. Depois, ele suavizou as suas palavras, reiterando o seu apoio a Israel e afirmando que "a segurança dos palestinos inocentes continua sendo uma grande preocupação".
Depois de os Estados Unidos terem vetado na sexta-feira uma resolução do Conselho de Segurança que pedia um cessar-fogo na Faixa de Gaza, a Assembleia Geral aprovou um texto semelhante na terça-feira.
Dos 193 países membros da ONU, 153 votaram a favor, 23 optaram pela abstenção e 10 votaram contra, incluindo Israel e os Estados Unidos.
Em uma declaração conjunta incomum, os primeiros-ministros da Austrália, Canadá e Nova Zelândia afirmaram nesta quarta-feira que estão "preocupados com a redução do espaço de segurança para civis em Gaza".
Segundo as Nações Unidas, 1,9 milhão dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados pelo conflito.
Em Deir al Balah, fortes chuvas inundaram um acampamento de refugiados. "A água entrou nas nossas barracas. Não podíamos dormir. (...) Usamos pedras e areia" para bloquear a água, contou Amine Edwan à AFP.
O Centro de Satélites das Nações Unidas (UNOSAT) afirmou que 18% da infraestrutura no estreito território foi danificada desde o início da guerra, de acordo com uma imagem de satélite obtida em 26 de novembro.
As organizações humanitárias alertam que, em breve, o território sitiado será dominado por doenças e fome.
O sistema de saúde está em colapso e em ruínas, e o governo do Hamas disse nesta quarta-feira que os estoques de vacinas infantis esgotaram, alertando para "consequências catastróficas".
O povo de Gaza "está ficando sem tempo e sem opções", disse Philippe Lazzarini, chefe da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA).
Os palestinos "enfrentam o capítulo mais sombrio da sua história desde 1948", acrescentou, referindo-se à primeira guerra árabe-israelense.
O Banco Mundial alertou que "a perda de vidas, a velocidade e a extensão dos danos (...) são incomparáveis". Em meados de novembro, metade das estradas e 60% das infraestruturas de comunicação, saúde e educação foram danificadas ou destruídas, afirmou.
Na terça-feira, o Hamas indicou que as tropas israelenses "invadiram o hospital Kamal Adwan" na cidade de Gaza, onde o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) já havia relatado indicado que cerca de 3.000 pessoas ficaram presas no interior.
O Exército não reagiu a essas acusações, mas Israel acusa frequentemente o grupo islamista de usar túneis sob hospitais, escolas e mesquitas para fins militares. O Hamas rejeita estas acusações.
Os receios de uma conflagração regional continuam crescendo devido aos frequentes confrontos na fronteira entre Israel e o Líbano, onde está baseado o movimento Hezbollah, e aos ataques de outros grupos apoiados pelo Irã contra os Estados Unidos e as forças aliadas no Iraque e na Síria.