O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu: às vésperas do feriado do Yom Kippur, somente os serviços essenciais podem funcionar no país (Menahem Kahana/Pool/Reuters)
Em lockdown há uma semana, Israel adota nesta sexta-feira (25) novas medidas para tentar conter o avanço do coronavírus no país. Todas as empresas, com exceção das consideradas essenciais, como farmácias e mercearias, deverão fechar. Os mercados ao ar livre também não poderão funcionar. Orações e protestos serão permitidos somente em ambiente aberto, com limite de 20 pessoas e num raio de 1 km das casas dos participantes, para reduzir o deslocamento.
As sinagogas terão permissão de abrir com restrições no feriado do Yom Kippur (Dia do Perdão), uma das datas mais importantes do judaísmo – começa no crepúsculo deste domingo (27) e vai até o pôr do sol de segunda-feira (28). As novas medidas deverão vigorar pelo menos até meados de outubro.
Israel está em lockdown desde o último dia 18. Inicialmente, o governo determinou o fechamento de escolas, shopping centers, hotéis e restaurantes. Foi a segunda vez que o país adotou o bloqueio nacional. Na primeira vez, entre março e abril, Israel recebeu elogios internacionais por ter agido rapidamente para fechar suas fronteiras e impor um bloqueio que parecia ter conseguido evitar a propagação do vírus. Desde julho, porém, o número de novos casos de covid-19 começou a aumentar no país.
Nos últimos dias, Israel vem registrando quase 7.000 novos casos por dia. É um número muito alto para um país de pouco mais de 9 milhões de habitantes. O número de novos infectados a cada dia é um quinto do registrado no Brasil nos últimos dias, mas o Brasil tem uma população 23 vezes maior. Segundo dados do site Worldometer, Israel tem agora uma taxa de 23.000 pessoas infectadas por milhão de habitantes – no Brasil, a proporção é de 21.900 pessoas infectadas por milhão de habitantes. Israel, porém, teve até agora um número relativamente baixo de óbitos – menos de 1.400, em comparação com quase 140.000 no Brasil.
O endurecimento do lockdown foi aprovado na quinta-feira depois de uma reunião do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que começou à noite e entrou madrugada adentro. Netanyahu disse que as novas medidas são necessárias para salvar vidas, mas alguns críticos dizem que as restrições às aglomerações também servirão para dificultar os protestos contra o primeiro-ministro, que está sendo julgado por um tribunal de Jerusalém por corrupção.
Israel não é o único país que enfrenta o ressurgimento da pandemia do coronavírus. Nas últimas semanas, o número de novos casos de covid-19 voltou a dar um salto em vários países da Europa, como Espanha, França e Reino Unido. Ontem, foram registrados quase 65.000 novos casos em toda a Europa, mais que o dobro dos 31.800 casos notificados em 10 de abril, durante o pico da pandemia. O número diário de óbitos, porém, caiu de 4.100 em abril para menos de 600 ontem.
Os países europeus estão agora com os hospitais mais bem equipados para tratar a covid-19. Além disso, a mais recente onda de infecções tem atingido principalmente os mais jovens, que têm menos probabilidade de morrer caso contraiam o vírus. A preocupação agora é que, em breve, o clima na Europa vai ficar mais frio e, com isso, começará a temporada das doenças respiratórias, aumentando o risco para a população mais velha.
Ontem, a comissária de saúde da União Europeia, Stella Kyriakides, disse que os estados membros do bloco não podem baixar a guarda e devem reforçar imediatamente as medidas de controle para frear uma segunda onda da covid-19. “Em alguns estados membros, a situação agora é muito pior do que estava durante o pico da pandemia”, afirmou.