Guerra Israel-Hamas: conflito teve início em 7 de outubro de 2023 (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 14 de junho de 2024 às 15h42.
Última atualização em 14 de junho de 2024 às 16h00.
O Exército israelense bombardeou, nesta sexta-feira, 14, a Faixa de Gaza, onde as chances de alcançar uma trégua com o movimento islamista palestino Hamas parecem ter voltado a estagnar, ao mesmo tempo que aumentam as tensões na fronteira norte de Israel com o Líbano.
Testemunhas relataram bombardeios em Rafah, cidade no extremo sul de Gaza, e em áreas do centro do território palestino.
No hospital Mártires de Al Aqsa, em Deir al Balah, vários homens rodeavam o corpo de uma criança de 11 anos que morreu em um bombardeio no campo de refugiados de Bureij, nas proximidades.
O Exército israelense indicou que suas tropas continuaram suas operações no centro de Gaza e especificou que seus aviões de combate atingiram uma célula de milicianos na área de Zeitun.
A força também afirmou ter atacado locais no norte de Gaza, de onde haviam sido lançados projéteis na noite de quinta-feira em direção ao sul de Israel.
Testemunhas em Rafah relataram tiros de helicópteros no oeste e no centro da cidade, enquanto o braço armado do Hamas declarou que seus combatentes dispararam granadas de morteiro contra as tropas israelenses perto do bairro de Tal al Sultan.
A guerra começou em 7 de outubro, quando milicianos do Hamas mataram 1.194 pessoas, a maioria civis, e sequestraram outras 251 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
O Exército israelense estima que 116 reféns seguem em cativeiro, incluindo 41 que estariam mortos.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que deixou pelo menos 37.266 mortos em Gaza, também em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.
O temor de que o conflito se espalhe para o resto do Oriente Médio ressurgiu com os recentes disparos de foguetes e drones do movimento libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã e aliado do Hamas, contra alvos militares israelenses.
O Hezbollah afirmou que esses ataques, iniciados na quarta-feira, são uma represália a um ataque israelense que matou um de seus comandantes na terça-feira. Sirenes soaram na manhã de sexta-feira no norte de Israel, onde a polícia informou que munições caíram na área de Kiryat Shemona, sem relatar vítimas.
O Exército declarou que "aproximadamente 35 projéteis foram identificados como “sendo lançados do Líbano" e que alguns foram derrubados enquanto outros causaram incêndios.
As forças israelenses indicaram ter respondido com bombardeios de artilharia e ataques contra "infraestruturas terroristas do Hezbollah" do outro lado da fronteira.
A Agência Nacional de Notícias do Líbano relatou um "ataque contra uma casa" na localidade de Janata, no sul do país, durante a madrugada.
Duas mulheres morreram, segundo Hassan Shur, funcionário da localidade.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, declarou nesta semana que "a melhor maneira" de terminar com os confrontos rotineiros entre o Hezbollah e o Exército israelense é "resolver o conflito em Gaza e alcançar um cessar-fogo".
Diretamente da cúpula do G7 na Itália, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que o Hamas continua sendo "o maior obstáculo" para alcançar um acordo que permita declarar uma trégua e libertar os reféns que estão sob o poder do movimento palestino.
O grupo exige a retirada completa das forças israelenses de Gaza e um cessar-fogo permanente, condições que Israel rejeita. Biden apresentou no final de maio uma nova proposta de acordo, que inclui um cessar-fogo de seis semanas, a troca de reféns por prisioneiros palestinos e a reconstrução de Gaza.
Blinken afirmou que Israel apoia o plano, mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, cujo governo conta com membros de extrema direita que se opõem fortemente ao acordo, ainda não o respaldou publicamente.
Além da ofensiva militar, os habitantes de Gaza enfrentam a falta de suprimentos devido ao bloqueio de Israel.
A Organização Mundial da Saúde declarou que mais de 8 mil crianças de Gaza com menos de 5 anos foram tratadas por desnutrição aguda.
Imagens captadas pela AFP no hospital dos Mártires de Al Aqsa mostram familiares lamentando a perda de Eyad Hegazi, uma criança de 10 anos que morreu por desnutrição.