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Israel bombardeia centro de Beirute e deixa ao menos seis mortos

Um porta-voz militar israelense advertiu sobre mais ataques no sul da capital libanesa nas próximas horas

Prédio destruído no centro de Beirute após ataque de Israel nesta quinta (Ibrahim Amro/AFP)

Prédio destruído no centro de Beirute após ataque de Israel nesta quinta (Ibrahim Amro/AFP)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 3 de outubro de 2024 às 07h21.

Última atualização em 3 de outubro de 2024 às 09h25.

Israel bombardeou o centro de Beirute, no Líbano, nas primeiras horas desta quinta-feira, 3, matando pelo menos seis pessoas. Isso aconteceu depois que suas forças sofreram seu dia mais pesado em baixas na frente libanesa em um ano de confrontos contra o Hezbollah. Oito militares israelenses morreram na quarta-feira.

Testemunhas ouvidas pela Reuters relataram ter ouvido uma forte explosão, e uma fonte de segurança disse que o alvo era um prédio no bairro Bachoura, no centro de Beirute, perto do Parlamento. Foram os ataques israelenses mais próximos à sede do governo do Líbano. A ONU também tem escritórios próximos da região.

A rede Al Jazeera informou que sete profissionais da saúde morreram nos bombardeios. O ataque aéreo teve como alvo um apartamento em um prédio de vários andares que abriga um escritório da Health Society, um grupo de socorristas civis. Foi o segundo ataque a atingir diretamente a Health Society em 24 horas.

Um porta-voz militar israelense advertiu sobre mais ataques no sul da capital libanesa nas próximas horas.

Na terça-feira, o Irã disparou mais de 180 mísseis contra Israel, o que levantou preocupações sobre um conflito muito maior no Oriente Médio.

O exército israelense disse que a infantaria regular e unidades blindadas se juntaram às suas operações terrestres no Líbano na quarta-feira.

Já o Hezbollah informou que seus combatentes enfrentaram forças israelenses dentro do Líbano. O movimento relatou confrontos terrestres pela primeira vez desde que as forças israelenses avançaram pela fronteira na segunda-feira. O Hezbollah disse que destruiu três tanques Merkava israelenses com foguetes perto da cidade fronteiriça de Maroun El Ras.

A EFE informou que outro bombardeio na região de Al Bashura, no coração da cidade, contra um prédio pertencente à Autoridade de Saúde Islâmica, uma organização ligada ao Hezbollah, deixou três mortos e 10 feridos.

Um porta-voz militar israelense pediu aos moradores de três bairros do subúrbio de Dahieh, no sul de Beirute, que se afastem de algumas áreas porque elas serão bombardeadas.

Ao menos 46 pessoas morreram e 85 outras ficaram feridas nos bombardeios israelenses contra o Líbano na quarta-feira, informou o Ministério da Saúde Pública do país.

Os ataques de Israel no Líbano se intensificaram desde o início das hostilidades entre as forças israelenses e o grupo xiita libanês Hezbollah, em outubro do ano passado, e já mataram cerca de 2.000 pessoas, segundo a EFE

As baixas ocorreram principalmente no sul do Líbano e em Dahieh, um importante reduto do Hezbollah na capital.

Por que o conflito entre Israel e Hezbollah afeta o petróleo?

Os preços do petróleo registraram uma alta expressiva na terça-feira, após o Irã lançar uma série de mísseis contra Israel, intensificando as preocupações de uma possível ampliação do conflito no Oriente MédioA ação iraniana trouxe receios de que a instabilidade regional afete diretamente o fornecimento de petróleo para o mercado global, já que o Oriente Médio é responsável por cerca de um terço da produção mundial de petróleo.

Irã, que exporta cerca de 1,7 milhão de barris de petróleo por dia, é um dos principais atores na produção de energia do Oriente Médio. A resposta iraniana após o lançamento dos mísseis incluiu ameaças de novos ataques caso Israel decida retaliar militarmente. Essa possibilidade de uma escalada no conflito fez com que o mercado reagisse rapidamente, aumentando os preços do petróleo e alertando para potenciais interrupções no fornecimento.

Lula autoriza operação de repatriação de brasileiros no Líbano

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou na segunda-feira a operação de repatriação de brasileiros no Líbano. Segundo o Palácio do Planalto, "a operação, coordenada pelo Itamaraty e pelo Ministério da Defesa, terá a data anunciada nos próximos dias, após análise das condições de segurança para o voo".

Em nota, o governo também diz que "o planejamento inicial da Força Aérea Brasileira prevê a decolagem do aeroporto de Beirute, que se encontra aberto".

"A Embaixada no Líbano está tomando as providências necessárias para viabilizar a operação, em contato permanente com a comunidade brasileira e em estreita coordenação com as autoridades locais", diz o Palácio do Planalto.

Entenda o conflito entre Israel e Líbano

O exército de Israel faz uma grande operação desde a semana passada contra o Hezbollah. A ação começou com uma explosão coordenada de pagers e rádios de comunicação usados pelo grupo e avançou para bombardeios quase diários. No sábado, 28, um destes ataques matou Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah. Quase toda a cadeia de comando do grupo foi dizimada nos últimos dias, o que tem dificultado a resposta do grupo.

O Hezbollah e Israel vivem uma situação de conflito desde os anos 1980. Em outubro do ano passado, o grupo extremista passou a fazer ataques com mísseis a Israel, como represália pela invasão de Israel da Faixa de Gaza, após o grupo palestino Hamas fazer um ataque contra Israel. Com isso, mais de 60 mil israelenses no norte do país tiveram de deixar suas casas.

A operação atual de Israel contra o Hezbollah diz ter como objetivos permitir que essas pessoas desalojadas retornem para suas casas.

O grupo armado foi criado para lutar contra a ocupação israelense do Líbano, que durou até 2000. A última grande guerra terrestre no Líbano ocorreu em julho de 2006, quando o Hezbollah cruzou a fronteira para Israel em um ataque surpresa perto da vila libanesa de Ayta ash-Shaab. O grupo capturou e matou todos os soldados israelenses, o que resultou em uma guerra de cinco semanas. As forças de defesa de Israel atravessaram a fronteira no Sul perseguindo membros do grupo extremistas com tanques e veículos blindados.

O que é o grupo Hezbollah?

Apoiado pelo Irã, o grupo libanês Hezbollah é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e o Conselho de Cooperação do Golfo.

Inimigo jurado de Israel, o grupo armado enfrentou uma guerra contra o país em 2006. Ela durou pouco mais de um mês e deixou cerca de 1.200 mortos no Líbano e 160 em solo israelense.

Agora, após o ataque na Fazenda Shebaa e o comunicado em apoio aos bombardeiros de sábado, o Hezbollah reafirma sua aliança ao Hamas.

 

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