Jerusalém, em Israel: assentamentos são considerados ilegais por muitos países (Berthold Werner/Wikimedia Commons)
Reuters
Publicado em 22 de janeiro de 2017 às 12h37.
Jerusalém - O governo de Israel aprovou neste domingo permissões de construção para centenas de casas em três assentamentos no leste de Jerusalém, dois dias após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assumir o cargo, e com expectativa de que ele recue das críticas da administração Barack Obama em relação a tais projetos.
Os projetos de moradia, em terra que os Palestinos buscam como parte de um futuro Estado, haviam sido retirados da agenda municipal de Jerusalém em dezembro no último minuto, a pedido do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para evitar uma maior censura da administração Obama.
A ala de direita de Israel espera que a atitude de Trump em relação aos assentamentos construídos na Cisjordânia e no leste de Jerusalém, áreas capturadas por Israel na Guerra de 1967, seja muito mais solidária que a de seu predecessor.
Netanyahu afirmou que teria sua primeira conversa com Trump desde que ele assumiu o cargo, por telefone neste domingo. "Muitos assuntos nos dizem respeito, a questão israelo-palestina, a situação na Síria, a ameaça iraniana", disse ele no início de sua reunião semanal de gabinete.
A prefeitura de Jerusalém aprovou as permissões de construção para mais de 560 unidades nos assentamentos urbanos de Pisgat Zeev, Ramat Shlomo e Ramot, áreas anexadas a Jerusalém em uma medida não reconhecida internacionalmente.
Meir Turgeman, presidente executivo do Comitê de Planejamento e Construção municipal, disse à Radio Israel que as permissões haviam sido levantadas até o final da administração Obama.
"Eu fui avisado para esperar Trump assumir o cargo, pois ele não tem problemas com as construções em Jerusalém", disse Turgeman, acrescentando que havia centenas de novas unidades esperando aprovação.
Os palestinos denunciaram a medida. "Nós condenamos fortemente a decisão israelense de aprovar construções", disse Nabil Abu Rdainah, porta-voz do Presidente Palestino, Mahmoud Abbas, à Reuters.
Em suas últimas semanas, a administração Obama irritou o governo de Israel ao conter um tradicional veto dos EUA a uma resolução anti-assentamentos do Conselho de Segurança da ONU, permitindo que a medida passasse.
A indicação de Trump para o cargo de embaixador dos EUA nas Nações Unidas, Nikki Haley, ecoou sua condenação do órgão mundial em relação a seu tratamento com Israel em sua audiência de confirmação no Senado, na quarta-feira.
Em proposta que levou a protestos palestinos, Trump também prometeu mudar a Embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para Jerusalém.
Israel vê toda Jerusalém como sua capital, mas a maior parte do mundo não, vendo seu status final como questão para negociações de paz. Os palestinos disseram que a mudança da embaixada acabaria com quaisquer perspectivas de paz. As negociações fracassaram em 2014.
Trump também apontou um novo embaixador norte-americano para Israel, David Friedman, que é considerado apoiador dos assentamentos.
A maioria dos países consideram os assentamentos uma atividade ilegal e um obstáculo para a paz. Israel discorda, citando uma conexão bíblica, histórica e política à terra - que os Palestinos também reivindicam - bem como interesses de segurança.