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Israel anuncia que Exército manterá zona-tampão no sul Líbano

Ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou que decisão sobre o Líbano foi tomada após receber aceno positivo de Washington

Agência o Globo
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Publicado em 27 de fevereiro de 2025 às 12h33.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2025 às 12h37.

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, anunciou nesta quinta-feira que as Forças Armadas de Israel (FDI) vão permanecer por tempo indefinido em uma zona-tampão na fronteira com o Líbano, incluindo em postos dentro do território libanês, a fim de evitar ataques do movimento xiita Hezbollah contra o norte do país. A decisão anunciada é a última de uma série de sinalizações que o Estado judeu oferece sobre uma abordagem pautada nos militares em que o uso da força e a soberania de vizinhos é relativizada para garantir interesses de segurança.

"Recebemos sinal verde dos Estados Unidos, fornecemos a eles um mapa e ficaremos por tempo indeterminado", afirmou Katz em uma reunião com líderes regionais, citado em um comunicado divulgado pelo seu Gabinete.

O Estado judeu recorreu a um uso elevado de força após o atentado terrorista lançado pelo Hamas, em 7 de outubro de 2023, com operações militares contra países considerados hostis. O Exército realizou incursões por terra na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e no Líbano, e também bombardeou Síria, Iêmen e Irã. Mesmo com a superioridade militar, os golpes desferidos nos inimigos ao longo de 16 meses, e a assinatura de acordos de cessar-fogo (nos casos do Líbano e Gaza), o governo israelense não dá sinais de que irá arrefecer a abordagem militar — sobretudo em um momento em que recebe apoio quase irrestrito do novo governo em Washington, citado por Katz nesta terça como fiador da decisão sobre o Líbano.

No país ao norte, o acordo de cessar-fogo que entrou em vigência em 27 de novembro, estabelecia o fim da guerra entre Israel e Hezbollah, a retirada de tropas israelenses e do movimento xiita da faixa sul do país, com a segurança sendo garantida pelo Exército libanês e pela ONU, com a garantia de retorno da população civil à região. Embora tenha colocado fim à guerra de alta intensidade, o acordo nunca foi totalmente cumprido, com acusações mútuas de violações. Israel alega que o Hezbollah continua operando na área da qual deveria se retirar, e lançou ataques aéreos contra o território.

Em Gaza, onde está sendo respeitado um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas para troca de reféns por prisioneiros palestinos detidos em prisões israelenses, as estratégias de força e contenção se repetem. As FDI lançaram uma operação militar por terra e ar contra a Cisjordânia durante a trégua no outro território palestino, e faz uma negociação dura sobre a continuidade ou não da guerra após a primeira fase do cessar-fogo.

O termo inicial costurado por mediadores internacionais em Gaza previa um período de trégua de 42 dias, que se encerra neste sábado, para a troca de 33 reféns por cerca de 1,9 mil presos palestinos. Dentro deste prazo, as tratativas políticas continuariam para estabelecer uma segunda fase, onde além da troca de reféns considerados mais "valiosos" pelo Hamas, discutir-se-ia também a retirada total das forças israelenses do enclave.

O Hamas afirma que nenhuma proposta sobre a segunda etapa foi colocada sobre a mesa até o momento, enquanto autoridades israelenses pressionam para que a troca de reféns continue nos termos da primeira fase, sem que se discuta a retirada total de tropas. Uma fonte oficial do governo israelense ouvida por veículos de comunicação do país nesta quinta-feira afirmou que o Exército não vai se retirar do Corredor Filadélfia, uma faixa estratégica que liga o enclave palestino ao Egito.

"Não nos retiraremos da rota Filadélfia", disse a autoridade, que teve a identidade preservada. "Não permitiremos que assassinos do Hamas perambulem por nossa fronteira novamente com caminhões e rifles, e não os deixaremos se rearmar por meio de contrabando".

O mesmo modus operandi de expansão de força e uso de meios militares preventivamente está sendo reproduzido na Síria, onde um dos principais inimigos de Israel na região, o ditador Bashar al-Assad, foi deposto após mais de uma década de guerra civil. Nem mesmo os sinais do novo governo sírio sobre um distanciamento do Eixo da Resistência liderado pelo Irã foram suficientes para tranquilizar o Estado judeu.

Forças israelenses bombardearam "alvos militares" no sul da Síria, na terça-feira, sob a justificativa de que a presença de ativos militares na região "constituem uma ameaça" aos israelenses. Em um comunicado, Katz disse que as ações eram parte de uma "nova política", anunciada no domingo pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, para a desmilitarização da região do país vizinho que fica mais próxima da fronteira.

A política israelense provocou um incidente com o recém-instalado governo interino sírio, cujo líder, Ahmed al-Sharaa, ainda tenta firmar um consenso em torno da união nacional, unificar as milícias presentes no território em um Exército regular e estabelecer as linhas política e econômica que o país irá seguir. Antes dos bombardeios, o Gabinete de Sharaa havia classificado as declarações de Netanyahu como "provocativas", e acusado o Estado judeu de violar a soberania síria desde a queda de Bashar al-Assad. As ações e declarações israelenses foram vistas por alguns sírios como uma tentativa de semear mais divisões e impedir a unidade nacional.

Israel lançou ataques massivos contra o sul da Síria quando a capitulação do regime de Assad, no ano passado, desenhava-se inevitável. Além de vários ataques aéreos contra estoques de armamento que o país alegou representarem um risco se caíssem em mãos de fundamentalistas, o governo instruiu o Exército a criar um 'zona de defesa estéril' no sul do país e avançaram sobre a zona desmilitarizada das Colinas de Golã — algo que a ONU classificou como uma violação do acordo de retirada de 1974.

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