Comboio atacado por forças armadas de Israel era composto por profissionais da área da saúde que atuavam na Faixa de Gaza (AFP)
Publicado em 6 de abril de 2025 às 09h44.
Última atualização em 6 de abril de 2025 às 13h17.
O exército de Israel admitiu que soldados erraram ao matar 15 profissionais de emergência que atuavam na Faixa de Gaza. O caso aconteceu em 23 de março, quando um comboio composto por ambulâncias da Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PRCS), um carro da ONU e um caminhão do corpo de bombeiros foi atacado durante o trabalho no sul de Gaza, próximo a Rafah.
Segundo a BBC, as Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmam que ao menos seis das vítimas estavam envolvidas com o Hamas, mas não apresentam provas da acusação. Eles também admitiram que a equipe estava desarmada quando os soldados abriram fogo.
O jornal relata que, de acordo com um oficial da IDF, o grupo de soldados havia disparado contra um carro com três membros do Hamas na noite de sábado, antes do incidente com o comboio. Quando as ambulâncias se aproximaram do local, os monitores de vigilância informaram ao exército israelense sobre uma aproximação que "avançava de forma suspeita".
Os soldados presumiram que estavam sob ameaça e abriram fogo quando os paramédicos pararam ao lado do carro do Hamas.
A princípio, Israel justificou que o ataque ocorreu porque os veículos se aproximaram de forma "suspeita" durante a noite, sem utilizar as luzes de identificação. No entanto, um vídeo gravado pelo paramédico Refat Radwan, que estava no comboio atacado, mostra que as sirenes estavam acesas.
Na gravação é possível ver que a equipe para e se aproxima de um outro veículo que estava parado na beira da estrada. Quando alguns dos profissionais descem para checar a situação e se aproximam do carro, começam os disparos.
Segundo Israel, a primeira versão, que alegava aproximação do comboio sem sinalização, foi imprecisa. A incongruência foi atribuída ao relato das tropas envolvidas.
O celular com o vídeo foi encontrado junto com os 15 corpos, que foram encontrados enterrados na areia uma semana após o caso. Segundo um oficial da IDF, equipe foi enterrada pelos soldados para proteger os corpos de ataques de animais selvagens e os veículos movidos do local para liberar a estrada.
Embora a IDF afirme que irá realizar um "exame minucioso" da situação, o Crescente Vermelho e outras organizações internacionais pedem que seja feita uma investigação independente.