Membros da Irmandade Muçulmana e partidários do presidente deposto do Egito Mohamed Mursi: porta-voz muçulmano afirmou que decisão do governo é típica de um "estado repressivo de um regime militar, policialesco e ditatorial" (Amr Abdallah Dalsh/Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2013 às 14h19.
Cairo - Os partidários do presidente deposto egípcio Mohamed Mursi afirmaram nesta quarta-feira que estão dispostos a manter seus acampamentos nas ruas do Cairo, apesar da decisão do governo de tomar medidas para terminar com estes protestos.
Ahmed Nashar, porta-voz da Coalizão Nacional para a Defesa da Legitimidade, grupo que engloba a Irmandade Muçulmana, disse à Agência Efe que os islamitas "resistirão de modo pacífico" nas praças de Rabea al Adauiya e Al Nahda.
O porta-voz afirmou que a decisão anunciada pelo Executivo é típica de um "estado repressivo de um regime militar, policialesco e ditatorial".
"Quando os protestos populares são de apoio ao governo, consideram que são pacíficos, mas quando são da oposição significa para eles um perigo para a segurança nacional", denunciou.
Ahmed Subaya, porta-voz do Partido Liberdade e Justiça (PLJ), braço político da Irmandade, pediu à comunidade internacional que assuma "sua responsabilidade para impedir eventuais massacres de civis desarmados".
Em declarações à Agência Efe por telefone, Subaya disse que o governo egípcio "tem o desejo de continuar com o assassinato dos manifestantes pacíficos partidários de Mursi".
No sábado passado, oitenta seguidores do presidente deposto morreram no Cairo em enfrentamentos com a polícia nas imediações da Rabea al Adauiya.
O governo anunciou hoje que decidiu adotar "todas as medidas necessárias" para pôr fim aos acampamentos islamitas no Cairo, ao considerar que eles significam "um perigo para a segurança nacional e a paz social".
A ministra de Informação, Dorreya Sharafedin, disse após uma reunião do Executivo que o Ministério do Interior foi encarregado de tomar estas medidas.
Em 27 de julho, o ministro do Interior, Mohammed Ibrahim, afirmou que o governo estava se preparando para "muito em breve" desmantelar os acampamentos dos seguidores de Mursi.
Fontes de segurança revelaram nesta semana à Efe que já existia a intenção de retirar a força os acampamentos, mas a visita da chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, adiou este plano.
Ashton deixou ontem o Cairo depois de se reunir com as autoridades egípcias e com representantes da Irmandade Muçulmana. A funcionária da UE também conversou com Mursi, que se encontra retido pelo Exército desde que foi deposto em 3 de julho.