A primeira fase das eleições legislativas foi marcada pela vitória esmagadora dos partidos islamitas, com 65% dos votos (Mohammed Abed/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2012 às 13h54.
Cairo - O grupo islamita Irmandade Muçulmana pediu neste sábado a realização de um referendo para que o povo se pronuncie sobre a dissolução do Parlamento, que foi formalizada pela Junta Militar.
Em comunicado, a formação islamita - que controlava metade do Parlamento - assegurou que a Junta Militar, que se atribuiu a capacidade de legislar, não tem o direito de 'arrebatar o poder legislativo' e qualificou o sucedido como 'um golpe à democracia' no país.
A Junta Militar egípcia anunciou hoje que o Parlamento ficou dissolvido desde ontem, sexta-feira, após a decisão do Supremo Tribunal Constitucional que anulou os últimos pleitos legislativos por irregularidades.
Segundo a Irmandade Muçulmana, a dissolução do Parlamento eleito deve 'retornar ao povo mediante um referendo livre e honesto já que a vontade popular não pode ser anulada salvo pela vontade do mesmo povo'.
Além disso, o grupo lembrou que a Junta Militar havia se comprometido a entregar o poder a uma autoridade civil antes do próximo dia 30 de junho.
Esta ação da cúpula militar 'constitui um golpe ao andamento da democracia já que nos devolve ao ponto zero novamente', afirmou o grupo, que criticou também o recente decreto ministerial que autoriza as forças militares a prenderem civis.
A reação dos islamitas coincide com o início do segundo turno das eleições presidenciais entre o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi, e o último primeiro-ministro do regime de Hosni Mubarak, Ahmed Shafiq.
Na nota, a formação islamita convidou os egípcios a comparecerem em massa a votar no pleito, que termina amanhã, com o objetivo de 'proteger as conquistas democráticas' em um contexto 'turbulento pelas tentativas sistemáticas para abortar a revolução egípcia'.
A equipe de campanha de Mursi explicou que a afluência de eleitores no dia de hoje foi 'moderada' e que foram cometidas algumas irregularidades por parte de seu rival.
Em um contexto de incerteza e tensão, ambos candidatos disputam a presidência do Egito depois da revolução que tirou Hosni Mubarak do poder em fevereiro de 2011.