Soldados patrulham Bagdá: eleitores têm que superar para entrar nos colégios eleitorais três postos de controle da polícia, o exército e as forças especiais (afp.com / ALI AL-SAADI)
Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2014 às 09h05.
Bagdá - Os iraquianos começaram a votar nesta quarta-feira para eleger um novo parlamento entre fortes medidas de segurança e com o desejo de mudanças no modo de governar o instável país, marcado pela divisão política e a violência.
Os eleitores têm que superar para entrar nos colégios eleitorais três postos de controle da polícia, o exército e as forças especiais, onde são identificados e registrados, segundo constatou a Agência Efe.
Há franco-atiradores localizados nos prédios altos e agentes nos terraços de alguns colégios - aos quais os uniformizados têm proibido entrar com armas - enquanto helicópteros militares sobrevoam continuamente Bagdá.
Apesar dessas medidas de segurança, pelo menos dez pessoas morreram até agora na explosão de vários artefatos perto de colégios eleitorais em diferentes pontos do país.
A participação no colégio eleitoral situado no Instituto Al Saadún, no centro de Bagdá, da mesma forma que em outros da região, foi razoável ao início da jornada eleitoral e a votação se correu com fluência.
"Esperamos o melhor dessas eleições. E mesmo que o governo atual continue, queremos que mude seu método", disse à agência Efe o comerciante Arkan Khalifa, de 41 anos, após depositar seu voto na urna.
Essa necessidade de mudança foi manifestada por vários eleitores. Uns defendem a chegada da oposição ao poder e outros optam por um maior apoio parlamentar para a atual coalizão governante, para que ela não dependa do apoio de mais grupos.
O primeiro-ministro em fim de mandato iraquiano, Nouri al-Maliki, deu hoje por vencedora a sua coalizão, a xiita Estado de Direito ao ir votar, e pediu para "superar o princípio das cotas (religiosas) e estabelecer um governo com base na maioria parlamentar".
Outro eleitor, o aposentado Ibrahim al Basri, afirmou também à Efe que deseja "uma mudança". "Votei em um candidato parente meu, igual a toda minha família, porque não é um corrupto", ressaltou.
Basri é dos que prefere que não continue no governo a aliança de al-Maliki, embora lamentou que "os iraquianos não têm muitas opções para escolher".
O principal rival de Estado de Direito é a coalizão laica "Al- Iraquiya", que neste pleito não se apresenta unida à Aliança Nacional Iraquiana (de confissão xiita).
Cerca de 20 milhões e meio de iraquianos estão convocados às urnas, nas primeiras eleições desde a retirada definitiva das tropas americanas do país e as quartas desde a queda do regime de Saddam Hussein em 2003.
A circulação dos veículos nas ruas de Bagdá está proibida durante toda a jornada eleitoral de acordo com o esquema de segurança estabelecido pelas autoridades, por isso os eleitores se estão indo a pé para as seções.
Estes inconvenientes não fazem pensar no entanto em uma baixa participação.
O diretor do centro eleitoral Al Saadún, Saad Hussein, informou à Efe que, por sua experiência na supervisão de outras eleições, a densidade de participação aumentará a partir do meio-dia e será mais massiva nos bairros populares.
Por sua vez, o presidente do parlamento que está deixando o poder, Usama al Nuyaifi, da coalizão laica Iraquiya, disse após votar que "o processo eleitoral acontece em boas condições apesar de algumas irregularidades registradas".
Essas eleições serão seguidas por mais de mil observadores internacionais, a maioria deles membro das delegações diplomáticas, além de por 98 mil observadores locais, segundo dados da Comissão Eleitoral.