Iraque: a ofensiva é dirigida pela 7ª divisão do exército, unidades da polícia e combatentes e tribos locais, com o apoio da aviação da coalizão internacional liderada pelos EUA (Getty Images)
AFP
Publicado em 5 de janeiro de 2017 às 12h46.
As forças iraquianas lançaram nesta quinta-feira uma ofensiva para retomar as cidades controladas pelo grupo Estado Islâmico (EI) na região oeste do país, perto da fronteira com a Síria.
O exército anunciou nesta quinta-feira que "uma operação militar começou nas zonas ocidentais" da província de Al-Anbar para "libertá-las do Daesh" (acrônimo em árabe para EI).
Esta região é desértica e pouco povoada, mas estrategicamente importante por estar localizada no centro do "califado" autoproclamado pelos extremistas islâmicos nos territórios que controlam entre o Iraque e a Síria.
A segurança é precária em Al-Anbar, que também faz fronteira com a Jordânia e a Arábia Saudita, apesar da retomada pelas forças iraquianas das duas principais cidades, Ramadi e Fallujah.
Segundo o tenente Qasem Mohamedi, um dos comandantes da operação, a ofensiva é dirigida pela 7ª divisão do exército, unidades da polícia e combatentes e tribos locais, com o apoio da aviação da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos.
O primeiro alvo da operação é a localidade de Aanah, e em seguida Rawa e Al Qaim (330 km a noroeste de Bagdá), a mais ocidentais do país, às margens do Eufrates.
As forças já avançam para Haditha, 200 km de Bagdá e a terceira cidade da província de Anbar, próxima da segunda maior represa do país.
Foi alvo de vários ataques extremistas desde a ofensiva do EI em junho de 2014, mas as tribos locais conseguiram contra-atacá-los.
"Chegou a hora de libertar as zonas ocidentais", afirmou Nadhom al Yughaifi, um comandante das tribos de Haditha.
Em 2016, as forças iraquianas reconquistaram do EI grandes zonas da província de Al Anbar. No total, o EI perdeu mais da metade dos territórios conquistados no Iraque durante a ofensiva lançada em 2014 pelo grupo radical sunita, que aproveitou-se da fraqueza do Estado central após a queda de Saddam Hussein e a da invasão americana.
Os extremistas se concentram agora em defender Mossul, a segunda maior cidade do país, que Bagdá tenta recuperar por meio de uma vasta ofensiva lançada em meados de outubro.
Milhares de membros das forças iraquianas estão atualmente mobilizadas no front de Mossul (norte), o último grande reduto iraquiano dos radicais.
Esta operação, cuja segunda fase iniciou em 29 de dezembro, permitiu às forças iraquianas "avanços importantes" em Mossul, segundo indicou na quarta-feira o porta-voz da coalizão internacional, o coronel John Dorrian.
Ele informou que estes avanços estavam relacionados a um maior envolvimento da coalizão, que dobrou em cerca de 450 o número de conselheiros militares que apoiam as tropas iraquianas.
Estes conselheiros permanecem "atrás da linha de frente", mas já entraram várias vezes na cidade, ressaltou.
A tarefa de forças de elite de combate ao terrorismo (CTS) do Iraque, na linha de frente, é difícil porque têm de "limpar" todos os edifícios de qualquer inimigo ou armadilha, de acordo com o porta-voz militar.
"Em cada edifício, muitas vezes de quatro ou mais andares, deve-se fazer a limpeza do teto aos túneis construídos no subsolo, verificando cada quarto e cada armário. Leva tempo e isso é extremamente perigoso", disse ele, acrescentando que havia "cerca de 200.000 edifícios" na cidade.
Mas, gradualmente, as forças iraquianas estão progredindo, garantiu o porta-voz.
Os extremistas islâmicos, isolados em Mossul ocidental desde a destruição das pontes sobre o rio Tigre, "não têm recursos para defender" os três eixos que levam à cidade.
"Há informações sobre perdas entre as forças iraquianas, mas as perdas (jihadistas) são muito superiores", insistiu o coronel Dorrian.
Enquanto isso, o número de civis deslocados aumenta: mais de 125.000 habitantes da área metropolitana fugiram de suas casas desde meados de outubro, de acordo com a ONU.
A retomada de Mossul é um dos dois principais objetivos da coalizão, com a de Raqa, a fortaleza do EI na Síria.