Vitória das forças iraquianas apoiadas pelos Estados Unidos em Mosul marcou a maior derrota do Estado Islâmico (Thaier Al-Sudani/Reuters)
Reuters
Publicado em 14 de julho de 2017 às 10h02.
Mosul - As forças do Iraque enfrentaram novos bolsões de resistência de militantes do Estado Islâmico na Cidade Velha de Mosul nesta sexta-feira, quatro dias depois de o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, declarar vitória sobre o grupo radical na cidade.
Helicópteros do Exército iraquiano sobrevoavam a área e era possível ouvir explosões, disseram moradores, e vídeos de supostos ataques de vingança contra pessoas detidas durante a retomada de Mosul ressaltaram os desafio de segurança futuros.
"Três disparos de morteiros caíram em nosso distrito", disse um morador de Faysaliya, bairro do leste de Mosul do outro lado do rio Tigre, por telefone.
Algumas centenas de insurgentes do Estado Islâmico ocuparam Mosul três anos atrás e impuseram um reinado de terror após o colapso do Exército iraquiano.
Os jihadistas declararam um califado que se estendia por territórios do Iraque e da Síria tomados durante uma ofensiva fulminante.
A vitória das forças iraquianas apoiadas pelos Estados Unidos em Mosul marcou a maior derrota do Estado Islâmico, que também está sob cerco em Raqqa, cidade do leste sírio que é sua base operacional.
Embora seu califado esteja desmoronando, o grupo sunita deve regredir para uma insurgência e continuar a realizar ataques no Oriente Médio e no Ocidente.
Assegurar a paz no Iraque no longo prazo não será fácil.
O premiê Haider al-Abadi enfrenta o desafio de evitar assassinatos de represália que poderiam criar mais instabilidade, além das tensões sectárias e dos conflitos étnicos que vêm assolando o Iraque desde a invasão liderada pelos EUA que depôs Saddam Hussein em 2003.
O grande aiatolá Ali al-Sistani, o maior clérigo xiita do país, exortou os iraquianos a evitarem a violência e o sectarismo em seu primeiro sermão desde a proclamação da vitória em Mosul, a segunda maior cidade da nação, nesta sexta-feira.
Na quinta-feira a ONG Human Rights Watch disse ter usado imagens de satélite para verificar se um vídeo publicado no Facebook na terça-feira, que mostrou homens armados em uniforme militar espancando um detido, atirando-o do alto e em seguida o baleando, foi filmado no oeste de Mosul.
A filmagem mostra os homens atirando no corpo de outro homem já caído no fundo de uma elevação. A Reuters não conseguiu verificar as imagens de forma independente.
O comando de operações do Iraque disse que as alegações estão sendo analisadas com atenção, que se quaisquer violações forem descobertas seus autores serão responsabilizados e que os vídeos podem ter sido forjados.