Irã: "Espero que os líderes mundiais estejam à altura desta tarefa", acrescentou Zarif (Michaela Rehle/Reuters)
EFE
Publicado em 19 de fevereiro de 2017 às 17h45.
Munique - O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamad Javad Zarif, defendeu neste domingo a necessidade de abordar com todos os países do Golfo Pérsico os conflitos na Síria e no Iraque, mas de forma inclusiva e deixando de lado as posturas maximalistas.
Zarif falou assim na Conferência de Segurança de Munique (MSC), um importante fórum de política externa que dedica hoje sua terceira e última jornada à situação no Oriente Médio, da Síria ao Iraque, passando pelo Iêmen e o conflito entre Israel e Palestina.
"Iraque, Síria e Bahrein necessitam de um processo político" para alcançar uma solução estável, já que a via militar não vai trazê-la, disse Zarif.
Mas, nesse processo político não se pode marginalizar "nenhum ator", ressaltou o ministro iraniano, que, mesmo sem fazer citação direta à Arábia Saudita, sugeriu que todos aprendam com as lições do acordo nuclear iraniano.
Segundo sua opinião, a negociação sobre o programa nuclear de seu país concluiu de forma bem-sucedida porque não foi encarado como um problema de "soma zero" - no qual um ganha apenas às custas de que outro perca -, mas "todas as partes" reconheceram que tinham que ceder em suas posições maximalistas para conseguir um acordo.
"Espero que os líderes mundiais estejam à altura desta tarefa", acrescentou Zarif, que falou da necessidade de fazer uma "transição cognitiva" a este respeito.
Zarif assegurou também que, em um "mundo globalizado", pretender aumentar a segurança de um país às custas de gerar insegurança a outros é uma "proposição irreal e absurda".
O ministro também ressaltou que o Irã "nunca" vai produzir armas nucleares, porque "não aumentam nossa segurança nem a de ninguém" e foi além : "É tempo de começar a destruir as armas nucleares de todos".
O ministro propôs, além disso, a iniciada de um fórum regional que se centraria nas questões do Golfo Pérsico, porque já há suficientes problemas nessa região, e que incluiria todos os países "irmãos", com o que Israel e a questão palestina ficam, por consequência, fora da agenda.
Esta iniciativa poderia abordar também questões como a luta contra a mudança climática e os investimentos, e se conseguir avanços, poderia formalizar sua estrutura.