Embaixador do Irã na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Reza Najafi, ao chegar para reunião de conselho na sede da entidade, em Viena (Heinz-Peter Bader/Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de novembro de 2013 às 15h44.
Viena - A implementação de um acordo histórico entre o Irã e potências mundiais para limitar o programa nuclear iraniano em troca do alívio nas sanções impostas ao país deve começar até o início de janeiro, disse nesta sexta-feira o enviado iraniano à agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU).
O acordo provisório de 24 de novembro entre a República Islâmica e Estados Unidos, França, Alemanha, China, Rússia e Grã-Bretanha é visto como um primeiro passo para resolver uma década de disputas que fez surgir o medo de uma nova guerra no Oriente Médio.
Israel, que se acredita seja o único país da região com um arsenal nuclear, qualificou o acordo como "erro histórico", já que não desmantelará o programa de enriquecimento de urânio do Irã, seu arqui-inimigo. O Estado judeu vê o Irã como ameaça à sua existência.
O embaixador de Israel na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), um órgão da ONU, disse a um conselho da entidade que "as crescentes preocupações com relação às atividades do Irã relacionadas a armas nucleares deveriam ser investigadas cuidadosamente e esclarecidas".
O acordo entre o Irã e as seis potências mundiais tem por objetivo impedir novos avanços na atividade nuclear iraniana e ganhar tempo para a negociação de um entendimento final.
Depois de anos de confrontos, o acerto simbolizou um degelo nas relações entre o Irã e o Ocidente depois da eleição, em junho, de um relativo moderado para a Presidência iraniana, Hassan Rouhani, com a promessa de romper o isolamento internacional do Irã e ganhar algum alívio nas sanções que castigam a economia do país produtor de petróleo.
O Irã concordou no domingo em interromper sua mais sensível atividade nuclear - o enriquecimento de urânio a uma concentração físsil de 20 por cento - e reduzir outras partes de seu programa nuclear em troca da retirada de parte das sanções, incluindo no comércio de petroquímicos e ouro.
O urânio refinado pode alimentar usinas nucleares de geração de energia, mas também pode ser empregado numa bomba, se processado em um alto grau de enriquecimento.
O embaixador iraniano, Reza Najafi, disse a repórteres à margem do encontro na AIEA que espera que a implementação do acordo de seis meses comece no fim de dezembro ou início de janeiro.
Ao ser perguntado sobre se o Irã iria interromper o enriquecimento de urânio a grau elevado, Najafi disse: "Nós precisamos primeiro fazer uma reunião para coordenação e, tão logo concordemos com uma data, vamos começar a pôr em prática as medidas acordadas pelo Irã."