Irã: com a saída dos EUA, o Irã passou a sofrer sanções americanas por "descumprir" o acordo nuclear (Lisi Niesner/Reuters)
Reuters
Publicado em 19 de junho de 2019 às 11h56.
Última atualização em 19 de junho de 2019 às 12h56.
Londres — O Irã disse nesta quarta-feira que não dará mais tempo além de 8 de julho para potências europeias protegerem o país de sanções impostas pelos Estados Unidos e salvarem o acordo nuclear fechado com a República Islâmica.
O porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã disse que o país está pronto para cumprir a ameaça de enriquecer urânio em um nível mais alto se a Europa não interferir, uma medida que violaria os termos de um pacto nuclear com potências mundiais.
Tal violação aumentaria as tensões já elevadas entre o Irã e o presidente dos EUA, Donald Trump, que se disse pronto para adotar ações militares para impedir o regime de obter a bomba nuclear.
Em maio, Teerã disse que relaxaria o cumprimento do pacto nuclear que acertou com potências mundiais em 2015 para protestar contra a decisão dos EUA de se retirarem unilateralmente do acordo e readotar sanções no ano passado.
O Irã acrescentou que começará a enriquecer urânio em um nível mais alto a menos que outros signatários europeus do acordo protejam sua economia das sanções norte-americanas dentro de 60 dias.
"O prazo de dois meses do Irã aos signatários restantes do JCPOA (acordo nuclear) não pode ser prorrogado, e a segunda fase será implantada exatamente como planejado", disse o porta-voz da agência atômica, Behrouz Kamalvandi, segundo a agência de notícias Tasnim.
O presidente Hassan Rouhani disse que as ações do Irã são as medidas "mínimas" que o país pode adotar um ano depois da retirada de Washington do acordo, mas que elas são reversíveis.
"Se nossas exigências não forem satisfeitas, adotaremos novas medidas depois de 60 dias, calculados a partir de 8 de maio", disse Rouhani durante uma reunião de gabinete transmitida pela televisão estatal.
"Mas se eles retomarem seus compromissos, cancelaremos todas as medidas adotadas nos primeiros 60 dias, ou possivelmente nos segundos 60 dias, e não haverá nenhum problema".
O ministro do Petróleo iraniano, Bijan Zanganeh, disse que a Europa não está ajudando a contrabalançar as sanções dos EUA ao seu setor energético comprando seu petróleo.
O acordo nuclear de 2015 visa impedir que o Irã construa uma bomba nuclear em troca da suspensão da maioria das sanções internacionais. Ele exige que Teerã limite sua capacidade de enriquecimento de urânio, estabelecendo que o estoque de urânio de baixo enriquecimento não exceda 300 quilos de hexafluoreto de urânio enriquecido a 3,67% ou seu equivalente durante 15 anos.