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Irã perde influência porque o mundo encontra outro petróleo

Maior produção nos EUA, na Arábia Saudita e no Iraque compensou a perda nos mercados mundiais por conta das sanções


	Plataforma de petróleo: economia do Irã se contrairá 1,5 por cento neste ano após recuar 1,9 por cento em 2012, segundo estimativas do FMI
 (Yuriko Nakao/Bloomberg)

Plataforma de petróleo: economia do Irã se contrairá 1,5 por cento neste ano após recuar 1,9 por cento em 2012, segundo estimativas do FMI (Yuriko Nakao/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2013 às 21h48.

Nova York/Genebra - O novo governo do Irã, que pressiona para aliviar as sanções sobre o petróleo que reduziram a receita mensal de exportações em até US$ 5 bilhões, entra em negociações nucleares hoje com uma alavancagem econômica limitada.

Desde que os EUA e a União Europeia impuseram sanções aos compradores de petróleo iraniano em julho de 2012, uma maior produção nos EUA, na Arábia Saudita e no Iraque compensou a perda nos mercados mundiais de mais de um milhão de barris diários exportados pelo Irã. Como os consumidores americanos agora pagam US$ 3,23 por galão de gasolina, quase dez centavos a menos do que no começo de julho de 2012, a economia do Irã se contrairá 1,5 por cento neste ano após recuar 1,9 por cento em 2012, segundo estimativas do FMI.

“Atualmente o Irã tem mais necessidade de vender seu petróleo do que o mundo de comprá-lo”, explica em entrevista por telefone Trevor Houser, sócio no Rhodium Group LLC, uma companhia de pesquisa econômica com sede em Nova York. “Se as sanções fossem levantadas abruptamente, poderíamos observar uma forte queda no preço global do petróleo, mas considero muito improvável que as sanções sejam removidas tão rapidamente assim. É muito mais difícil retirar do que impor”.

Apesar do custo das sanções, os lideres iranianos e boa parte do povo se opõem à ideia de abandonar totalmente o desenvolvimento nuclear. Embora 85 por cento dos iranianos afirmem que as sanções internacionais afetaram suas vidas e metade deles considere que foi muito afetado, mais de dois terços apoiam o desenvolvimento de energia nuclear do país, conforme uma pesquisa da Gallup Inc. publicada ontem.

Pressão econômica

O Irã volta a negociar hoje em Genebra com os EUA, o Reino Unido, a França, a Alemanha, a China e a Rússia. Os Estados Unidos e seus aliados afirmam que o Irã está trabalhando para fabricar armas nucleares, mas o país do Golfo Pérsico diz que seu programa só pretende obter energia para uso civil e médico.


A campanha eleitoral do presidente do país, Hassan Rouhani, que assumiu em agosto, baseou-se na promessa de melhorar a economia iraniana. Rouhani expressou sua disposição a acalmar a preocupação internacional em relação ao programa nuclear do Irã e a procurar eliminar as sanções em um ano.

“A principal meta do Irã nessas reuniões é aliviar as sanções rapidamente” e não de “forma temporária”, afirma Suzanne Maloney, analista do Irã na Instituição Brookings em Washington. “A questão é se o Irã pode aceitar ou aceitará o preço que nós estamos dispostos a pagar”.

Participação no mercado

O Irã perdeu uma participação no mercado que provavelmente não recupere com facilidade “porque a economia mundial avança”, explica Ray Takeyh, membro do Conselho de Assuntos Exteriores, com sede em Nova York, e ex-assessor sênior sobre o Irã da Secretária de Estado Hillary Clinton.

A campanha do Irã para restabelecer sua oferta poderia enfrentar a ambivalência dos seus colegas da OPEP, que precisam da receita do petróleo para pagar programas domésticos que combatem as tensões sociais que agitaram o Egito, a Líbia, a Argélia e a Síria, afirmou Michael Lynch, presidente da Strategic Energy Economic Research em Winchester, Massachusetts. Uma enxurrada de petróleo iraniano no mercado poderia reduzir os preços e obrigar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo a reduzir as cotas de produção.

“Prolongar as sanções ou aumentá-las não fará com que eles capitulem”, afirma Hooshang Amirahmadi, professor da Universidade Rutgers em Nova Jersey e presidente do Conselho Americano-Iraniano. “Pelo contrário, mais sanções abrirão as portas para um ataque militar ou para um Irã com armas nucleares”.

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