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Irã liberta tripulantes de petroleiro capturado no Estreito de Ormuz

Em julho, Irã reteve no estreito de Ormuz o petroleiro de bandeira britânica Stena Impero por descumprir as normas de navegação, algo que Londres nega

Stena Impero: captura do navio agravou a crise no Golfo Pérsico, para onde tanto os Estados Unidos quanto o Reino Unido propuseram enviar uma coalizão naval para escoltar as embarcações (Edouard GUIHAIRE/AFP)

Stena Impero: captura do navio agravou a crise no Golfo Pérsico, para onde tanto os Estados Unidos quanto o Reino Unido propuseram enviar uma coalizão naval para escoltar as embarcações (Edouard GUIHAIRE/AFP)

AB

Agência Brasil

Publicado em 5 de setembro de 2019 às 07h11.

O Ministério do Exterior do Irã informou nessa quarta-feira (4) que o país libertou, por motivos humanitários, sete dos 23 tripulantes de um petroleiro britânico que foi capturado no Estreito de Ormuz em 19 de julho.

Embora o navio tenha violado regulamentos locais, Teerã "não tem problemas com o capitão e a tripulação", afirmou o porta-voz do ministério, Abbas Mousavi. "Eles estão livres e podem retornar aos seus países."

Segundo Mousavi, os sete libertados foram selecionados pelo capitão do petroleiro Stena Impero. Eles são cidadãos da Índia, Rússia e Letônia. Os demais tripulantes ainda estão a bordo do petroleiro. Ao menos 16 deles devem permanecer na embarcação para operá-la com segurança.

Quanto ao navio em si, de propriedade de uma empresa sueca, Mousavi afirmou que um tribunal da cidade portuária de Bandar Abbas decidirá seu destino.

Em 19 de julho, a Guarda Revolucionária reteve no Estreito de Ormuz o petroleiro de bandeira britânica Stena Impero por descumprir as normas de navegação, algo que Londres e a companhia negam. No início de agosto, um navio-tanque com bandeira do Panamá foi capturado na mesma região.

O incidente com o Stena Impero ocorreu semanas depois de a Marinha britânica ter interceptado em Gibraltar o petroleiro iraniano Grace 1, por suspeitas de transportar petróleo à Síria, país sujeito a sanções da União Europeia. Há algumas semanas, o navio iraniano foi liberado.

A captura do Stena Impero agravou a crise no Golfo Pérsico e, em particular, no Estreito de Ormuz, para onde tanto os Estados Unidos quanto o Reino Unido propuseram enviar uma coalizão naval para escoltar as embarcações.

Em resposta, as autoridades iranianas advertiram que uma maior presença militar estrangeira aumentaria a tensão na região, onde ocorrem desde maio ataques a petroleiros e navios-cisterna, além de destruições de drones.

Inúmeros incidentes foram registrados no Golfo Pérsico nos últimos meses, com os Estados Unidos e Irã se responsabilizando mutuamente. Na passada semana, o Ministério do Exterior da Rússia acusou os EUA de buscarem um pretexto para conduzir o conflito na região. "Existe a impressão de que Washington procura simplesmente um pretexto para agravar a situação e prosseguir a retórica agressiva contra o Irã", disse o ministério russo.

O Estreito de Ormuz tem importância considerável para a economia do planeta: pela rota marítima entre o Irã e Omã passa um terço do petróleo mundial transportado pelo mar. Esse estreito representa, portanto, um elo importante entre os produtores de petróleo da região - Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque - e os mercados na Ásia, Europa e América do Norte.

A crise com o Irã começou depois de o presidente Donald Trump ter retirado os Estados Unidos do acordo nuclear assinado em 2015 pelos dois países, com a participação ainda da Rússia, da China, do Reino Unido, da França e Alemanha.

Desde que deixaram o acordo com o Irã, os Estados Unidos voltaram a impor sobre a economia iraniana todas as sanções que tinham sido suspensas após o pacto, incluídas medidas sobre o setor petrolífero.

Teerã concordou em permanecer no acordo com a condição de que os outros signatários apoiassem seu desejo de ter acesso aos mercados internacionais.

O governo islâmico, no entanto, começou a reduzir seus compromissos depois de um ano, ao constatar que não compensava seguir no acordo, dada a pressão americana.*A Deutsche Welle é o canal de comunicação internacional da Alemanha

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